Brasileiros criam bolha de respiração para tratamento da Covid-19

Aparelho reduz a necessidade de intubação de 20% dos pacientes e protege a equipe médica contra contaminação
Rafael Rigues15/05/2020 13h45

20200515105020

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Já está em testes no Hospital das Clínicas, em São Paulo, um dispositivo de ventilação não invasiva que pode evitar que pacientes com a Covid-19 ou outras doenças respiratórias, como a Sars, sejam intubados.

Batizado de BRIC (Bolha de Respiração Individual Controlada), ele é um capacete estanque que funciona como uma interface entre um paciente e um ventilador mecânico. Equipamento similar já foi utilizado na Itália no combate ao coronavírus.

O aparelho foi criado pelo engenheiro Guilherme Thiago de Souza, presidente da empresa de tecnologia Roboris, junto a uma equipe com diversos profissionais das áreas da saúde, engenharia e da indústria. Cada unidade custa R$ 627,00 e um lote inicial de 1000 unidades está sendo preparado. A capacidade inicial de fabricação é de 10 mil unidades ao mês. Segundo a Life Tech, já há negociações para testes do capacete em hospitais de Minas Gerais e na Bahia.

“A BRIC foi projetada com um volume para que o paciente se sinta confortável e sua principal característica é a estanquidade, capacidade de conter o vazamento de ar, essencial para evitar a propagação da doença. Os hospitais ou clínicas ganham uma tentativa de tratamento que antecede a ida do paciente à unidade de terapia intensiva, é um tempo a mais, para que ele não precise ser induzido ao coma”, enfatiza o engenheiro.

Reprodução

De acordo com a Lifetech, estudos da Universidade de Chicago mostram que o uso de capacetes de ventilação, como a BRIC, reduz a necessidade de intubação de 20% a 35% dos pacientes com Covid-19. Nos casos de Sars, outra síndrome respiratória causada por vírus da mesma família, a redução é de 54%. A mortalidade dos pacientes de Covid-19 intubados é de 70% a 80%.

Devido à sua vedação, a BRIC impede a propagação do vírus pelo ar, reduzindo o risco de contaminação dos profissionais de saúde e outros pacientes. “Sua vedação foi feita de forma que não ocorram vazamentos e disseminação do vírus e a saída de ar ocorre pelos filtros hospitalares, projetados e construídos para essa finalidade”, explica Guilherme.

“O paciente fica exposto a um menor risco do que na intubação e não transmite o vírus para o meio, pois tudo passa pelo filtro que devolve o ar limpo para o ambiente”, salienta o engenheiro.

Além da Covid-19 e Sars, a BRIC também pode ser usada no tratamento de outras doenças respiratórias. O produto aguarda liberação da Anvisa

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital