O Brasil chegou nesta sexta-feira (19) a mais uma marca triste da Covid-19. O país se tornou o segundo do mundo a superar 1 milhão de casos confirmados da doença, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Os números divulgados nesta sexta pelo Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) confirmam 1.032.913 confirmações até o momento.

A marca foi alcançada quase quatro meses depois de o primeiro caso ser confirmado no Brasil, o que aconteceu no dia 26 de fevereiro, e já são mais de 4.915 casos confirmados para cada milhão de habitantes. O país seguiu uma trajetória diferente do resto do mundo; países como Itália e Espanha chegaram a um pico muito rápido, enquanto o crescimento do Brasil se deu de forma mais lenta.

A média de contágio brasileira é a maior do mundo. O gráfico do site Our World in Data compara a média móvel de 7 dias que mostra que com os cerca de 30 mil casos registrados a cada dia, o Brasil já superou os Estados Unidos. Neste ritmo, o país poderia superar os dados americanos dentro de algum tempo.

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Apesar dos altíssimos números, que colocam a crise do coronavírus no Brasil como a segunda mais grave do mundo no momento, a OMS vê sinais de estabilização das estatísticas brasileiras, o que indica que o momento de crescimento exponencial já passou. Isso se reflete nos gráficos por semana epidemiológica: tanto as mortes quanto os novos casos diminuíram o ritmo de crescimento entre as semanas 23 e 24 (a semana 25 é a atual, ainda com dados parciais, portanto não deve ser considerada). Resta saber se essa tendência se manterá ou se a reabertura econômica que se tem visto em vários estados poderá causar um novo movimento de aumento. 

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O que não se sabe exatamente é o quão subnotificados estão os casos no Brasil. É fato que boa parte dos casos passa indetectada, já que muitos sequer procuram se testar em casos assintomáticos ou com sintomas leves, que podem ser confundidos com uma gripe comum.

Com base no que a maioria dos estudos aponta até agora, a letalidade da doença fica na faixa de 0,5% e 1%, observadas em populações isoladas com ampla testagem, como é o caso da tripulação e dos passageiros do navio Diamond Princess, que ficou quarentenado na costa japonesa sem que ninguém pudesse desembarcar até todos os casos chegassem a um desfecho, e de ilhas como Islândia e Nova Zelândia. Observando as quase 50 mil mortes por Covid-19 registradas até agora, o Brasil poderia ter entre 2,5 milhões e 5 milhões de casos.

Existem outras formas de estimar a população infectada que não foi formalmente diagnosticada. O IBGE revelou nesta semana que estima que 22 milhões de brasileiros sentiram sintomas relacionados à Covid-19, o que não necessariamente significa que todos efetivamente foram contaminados com ela. Já um estudo da Universidade Federal de Pelotas aponta, com base em testes para detecção de anticorpos, que para cada caso diagnosticado, 7 não são identificados nos principais centros urbanos, o que poderia levar os dados nacionais para 7 milhões.

São Paulo continua sendo o epicentro do coronavírus no Brasil. O estado, que concentra praticamente 20% da população nacional, também registra cerca de 20% dos casos confirmados, com cerca de 200 mil casos. Enquanto isso, o estado que menos “contribuiu” para esse número é o Mato Grosso do Sul, que tem pouco mais de 4.000 infecções diagnosticadas.