A situação do coronavírus na China pode estar começando a se controlar, mas o impacto da interrupção das linhas de montagem e a lentidão na retomada da produção ainda são sentidos no mundo. No Brasil, o próximo sintoma dessa situação pode ser a dificuldade em manter os estoques de produtos eletrônicos no mercado, como informa a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

O levantamento publicado nesta segunda-feira (9) mostra um agravamento da situação em comparação a outros dois estudos publicados pela associação. Agora, 54% das empresas ligadas à organização dizem enxergar riscos na entrega dos produtos finalizados aos clientes se não houver melhora na situação em até 47 dias. Nenhum dos outros levantamentos publicados pela Abinee anteriormente mencionava essa possibilidade.

Desde fevereiro, várias fábricas dedicadas à produção de itens eletrônicos no Brasil já passam por situação de paralisação total ou integral, como resultado da falta de componentes vindos da China. Samsung, LG e Motorola, por exemplo, estão entre as companhias cujas linhas de produção tiveram que ser interrompidas, com direito a férias coletivas aos funcionários.

Os novos dados indicam que o número de empresas afetadas diretamente está aumentando. A associação aponta que 6% das empresas consultadas já operam em regime de paralisação parcial, e mais 14% já programam algum tipo de interrupção, que na maior parte dos casos será parcial.

As metas de produção das fábricas também são afetadas. A Abinee nota que já chega a 21% o volume de empresas que não conseguiram atender à previsão para o primeiro trimestre do ano, com uma produção em média 31% abaixo do que era projetado.