Algoritmos do YouTube contribuem para disseminar Fake News sobre saúde

Estudo da Universidade de Michigan relaciona alcance da desinformação na plataforma ao funcionamento dos algoritmos; vídeos com mais engajamento costumam ter informações incorretas
Davi Medeiros20/07/2020 11h31, atualizada em 20/07/2020 14h10

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Informações incorretas podem se tornar muito populares na internet. Para a saúde pública, isso é um problema. No YouTube, existem milhões de vídeos relacionados ao novo coronavírus, por exemplo, e pelo menos um quarto deles não contém embasamento científico válido.

Esse foi um dos pontos apresentados por Anjana Susarla, professor de Sistemas da Informação da Universidade de Michigan, que realizou um estudo sobre como os algoritmos do YouTube contribuem para a disseminação de Fake News relacionadas à saúde em geral.

Para falar sobre esta pesquisa, antes é preciso compreender os algoritmos da plataforma. Por meio de inteligência artificial, eles se baseiam no tipo de conteúdo assistido por cada usuário para sugerir vídeos de forma personalizada. O problema é que nem todo mundo tem o hábito de seguir canais com fontes médicas confiáveis, e, quanto mais informação duvidosa é consumida, mais conteúdo semelhante é sugerido.

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Ter o YouTube como principal fonte de informação pode ser prejudicial. Imagem: Freestocks/Pexels

O estudo de Anjana Susarla mostrou que os vídeos com maior engajamento costumam ser os que apresentam informação de forma mais simplória, e muitas vezes incorreta. Em parte, isso se deve ao fato de que canais médicos confiáveis nem sempre se expressam de forma compreensível para o público, o que faz com que eles sejam menos assistidos e, portanto, menos indicados pelo algoritmo.

Desse modo, a pesquisa concluiu que, quanto maior a popularidade do vídeo, menor a sua probabilidade de contar com fundamentos médicos comprovados.

Desinformação é causa de ‘infodemia’

Ainda segundo a pesquisa, pessoas com conhecimento prévio em saúde têm mais chances de reconhecer a confiabilidade dos vídeos. Por outro lado, usuários com menor índice de estudo são mais propensos a acreditar em informações duvidosas. Ao personalizar os vídeos sem seguir critérios de evidência científica, os algoritmos do YouTube podem potencializar a disparidade no modo como as diferentes parcelas da população acessam e compreendem as questões ligadas à saúde.

Em tempos de pandemia, isso é ainda mais grave. A quantidade exacerbada de Fake News sobre o novo coronavírus na internet levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a existência de uma “infodemia”, tamanha a capacidade da desinformação de se espalhar de forma prejudicial à sociedade — como um vírus.

Adequar o algoritmo para que ele sugira somente conteúdo de qualidade seria uma boa solução, mas isso não é tão simples como parece. O YouTube não tem como saber previamente o que é dito em cada um dos milhões de vídeos hospedados na plataforma. O que a empresa pode fazer é deletar, por meio de denúncia dos usuários, conteúdos que violem regras da comunidade; e colocar fontes confiáveis no topo dos resultados para palavras-chave relacionadas a saúde, como vem fazendo.

Fonte: The Next Web

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital