‘Nanoesponja’ engana o vírus da Covid-19 e previne infecção

Partículas que imitam células do corpo humanos para absorver patógenos e toxinas prejudiciais foram testadas em laboratório para combater o novo coronavírus
Renato Mota17/06/2020 22h38

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Nanopartículas envoltas em membranas de células pulmonares e células imunes, que atraem e neutralizam o Sars-Cov-2, conseguiram interromper a reprodução do vírus da Covid-19 em experimentos de laboratório. Os primeiros dados que descrevem esse possível tratamento foram publicados na revista científica Nano Letters.

As chamadas “nanoesponjas” foram desenvolvidas por engenheiros da Universidade da Califórnia em San Diego e testadas por pesquisadores da Universidade de Boston. Nos testes conduzidos em ambiente de cultura celular, as nanopartículas fizeram com que o vírus Sars-Cov-2 perdesse quase 90% do seu poder.

Em vez de atacar o próprio vírus, as nanoesponjas são projetadas para proteger as células saudáveis. “Tradicionalmente, desenvolvedores de medicamentos pesquisam os detalhes do patógeno para encontrar alvos drogáveis. Nossa abordagem é diferente: só precisamos saber quais são as células-alvo”, explica Liangfang Zhang, professor de nanoengenharia da Escola de Engenharia da Universidade de San Diego.

Como o novo coronavírus infecta células epiteliais do pulmão como o primeiro passo na infecção, cada nanoesponja – mil vezes menor que a largura de um cabelo humano – consiste em um núcleo de polímero revestido em membranas celulares extraídas de células epiteliais pulmonares. “Mesmo que o Sars-Cov-2 sofra mutação, desde que o vírus possa invadir as células que estamos imitando, nossa abordagem ainda deve funcionar”, acredita Zhang.

Os macrófagos, que são os glóbulos brancos que desempenham um papel importante no combate à infecção, também são muito ativos no pulmão durante o curso da doença. Por isso, os pesquisadores criaram uma segunda esponja envolta em membrana de macrófagos.

Uma dose terapêutica inunda o pulmão com um trilhão de nanoesponjas, que poderiam afastar o vírus das células saudáveis. Uma vez que o vírus se liga a uma esponja, “ele perde sua viabilidade e será absorvido por nossas próprias células imunológicas”, afirma Zhang.

O tratamento ainda tem um potencial preventivo, uma vez que as nanoesponjas podem permanecer por algum tempo no pulmão. “Se um vírus vier, ele poderá ser bloqueado se houver nanoesponjas esperando por ele”, completa o pesquisador. Os cientistas também esperam que o tratamento funcione contra qualquer novo coronavírus ou até outros vírus respiratórios que possam desencadear a próxima pandemia.

Via: UC San Diego News Center

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital