Desde que a pandemia de Covid-19 começou a se provar um problema real no mundo, um acessório se tornou cada vez mais comum: o termômetro infravermelho, apontado para testas das pessoas que querem entrar em estabelecimentos como shoppings e supermercados. Essa prevalência também criou teorias da conspiração afirmando que ele poderia trazer risco à saúde. É falso.

O boato afirma que os termômetros podem emitir radiação infravermelha, que atacaria em especial a glândula pineal no cérebro, que tem como função a regulação de hormônios no organismo, potencialmente causando câncer nas pessoas que são alvo da máquina. No entanto, isso não faz sentido.

Como explica a Anvisa, o termômetro é infravermelho porque ele capta e mede esse tipo de radiação em vez de emiti-la. Todos os organismos vivos emitem radiação infravermelha, e quanto mais quente os corpos, maiores são os níveis de emissão; é um processo natural. O termômetro apenas reconhece esses sinais para calcular a temperatura corpórea e não emite nenhuma radiação própria.

Alguns podem se perguntar sobre aquela luz vermelha que alguns desses termômetros emitem, mas ela também é inofensiva. Raios infravermelhos não são visíveis a olho nu, então aquela luz é outra coisa. Como informa a Anvisa, a iluminação é, na verdade, um laser de baixa potência que permite direcionar melhor o termômetro, para que o usuário saiba para onde está apontando, mesmo à distância. Não é nenhum tipo de radiação perigosa e não é diferente de nenhuma outra luz que incide sobre o seu corpo normalmente ao longo de um dia comum.

O laser de baixa intensidade não tem qualquer poder de penetração na pele, quanto mais alcançar os órgãos internos como o cérebro. A maior parte dos raios são refletidos e, o máximo que ele pode causar é absorção da outra parte, que é transformada em calor, mas não é o suficiente nem mesmo para causar a sensação de aquecimento.

Isso dito, existem razões para se desconfiar desses termômetros usados para medição da temperatura do público. Os equipamentos utilizados em ambientes médicos são rigorosamente testados e têm seu funcionamento validado pela Anvisa para uso em hospitais e enfermarias, mas os aparelhos para uso público não passam por essa conferência de qualidade, e podem ser importados, fabricados e distribuídos sem certificação da agência, o que pode significar que suas medições podem não ser exatamente as mais precisas.