Um novo estudo, realizado pela equipe de modelagem de doenças infecciosas da universidade Imperial College, localizada em Londres, estima que cerca de dois terços dos casos do coronavírus (Covid-19) em todo o mundo não foram detectados. A análise ainda sugere que a infecção atingiu níveis muito maiores do que os detectados até então.

“Estamos começando a ver mais casos confirmados em países e regiões fora da China, sem histórico conhecido de viagem ou ligação com a cidade de Wuhan”, explica Natsuko Imai, um dos autores do estudo. “Nossa análise, que completa alguns estudos anteriores, usa dados como o número de voos saídos de Wuhan e o número de casos relatados do Covid-19”, finaliza.

Este novo estudo teve como objetivo explorar a precisão da vigilância atual da doença por país, em relação ao volume médio de viajantes que saíram do epicentro da epidemia – atualmente, estimativas apontam para mais de 78 mil casos confirmados, a maioria na China.

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“Comparamos o número médio mensal de passageiros que viajam de Wuhan para os principais destinos internacionais com o número de casos da doença que foram detectados no exterior”, diz Sangeeta Bathia, outro autor do estudo. “Com base nesses dados, estimamos o número de casos não detectados globalmente, e descobrimos que aproximadamente dois terços não foram detectados até o momento”, completa.

A conclusão dos pesquisadores é que há uma alta probabilidade de que várias cadeias de transmissão tenham começado em muitos países sem que sejam detectadas. Muitos dos casos já relatados da doença apontam para sintomas leves, que dificilmente evoluem para algo mais pesado, semelhante aos da pneumonia. Por esse motivo, é bastante provável de que o estudo esteja certo, com pessoas encarando a infecção como uma simples gripe.

De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma preocupação crescente com os casos de fora do epicentro da doença. “Embora o número total de casos do Covid-19 fora da China permaneça relativamente pequeno, estamos preocupados com o número de casos sem vínculo epidemiológico claro, como histórico de viagens à China ou contato com algum caso confirmado”, declarou.

Via: New Atlas