Em mais uma demonstração dos riscos de se liberar uma vacina contra Covid-19 que não tenha sido propriamente testada, a Johnson & Johnson anunciou uma suspensão temporária em seus experimentos após um voluntário registrar uma “doença não-explicada”. Não foi revelado até o momento qual foi o evento adverso registrado, nem qual é o estado do paciente.  

A Johnson & Johnson realiza o teste de sua vacina em vários países, entre os quais está o Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já foi notificada sobre a interrupção, que também será válida para os experimentos brasileiros, embora o caso tenha sido registrado em outro país.

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“No Brasil, a inclusão do primeiro voluntário no estudo ocorreu em 9 de outubro e novas inclusões só poderão ocorrer quando houver autorização da Anvisa, que procederá com a análise dos dados da investigação e decidirá pela continuidade ou interrupção permanente, baseada nos dados de segurança e avaliação risco/benefício”, informa a nota da Anvisa.

A empresa também cita que, pelo fato de que esses ensaios de fase 3 serem realizados com um grupo placebo e duplo-cego, não se sabe imediatamente se o voluntário em questão recebeu a vacina em testes ou se ele recebeu alguma substância inócua. Desta forma, não há como garantir que foi a vacina que causou o problema por enquanto.

Eventos adversos são esperados durante a realização de testes clínicos de uma vacina, mas quando alguns dos voluntários desenvolve uma potencial reação não-esperada, as boas-práticas recomendam a paralisação dos experimentos até que se esclareça a origem da condição, se ela está realmente ligada à vacina e se há risco para os outros voluntários.

Algo similar aconteceu com a pesquisa da AstraZeneca com a Universidade de Oxford, que precisou ser paralisada por alguns dias quando um voluntário desenvolveu sintomas de mielite transversa, uma inflamação na espinha que pode afetar o sistema nervoso. Os experimentos foram retomados depois de alguns dias sem qualquer transtorno.