Infectologista contesta promessa de cura do coronavírus por remédio cubano

Ao contrário do que foi publicado pelo órgão de comunicação do Partido Comunista de Cuba, não há nenhuma confirmação científica de que o medicamento Interferon alfa 2B seja eficaz na cura da Covid-19
Luiz Nogueira12/03/2020 21h53

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O coronavírus foi considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde. Para tentar reverter a situação mundial, países como a China, o epicentro da infecção, iniciaram testes de medicamentos para combater a doença ou minimizar seus efeitos.

Autoridades de saúde chinesas selecionaram 30 medicamentos que possivelmente podem fornecer uma “cura” para o coronavírus; ou, pelo menos, diminuir os efeitos da Covid-19 e até reduzir o tempo de vida do vírus no organismo. As drogas, todas ainda estão em fase de testes, não foram confirmadas como sendo a solução para a doença.

No entanto, o órgão oficial de comunicação do Partido Comunista de Cuba divulgou que o Interferon alfa 2B (IFNrec), um medicamento produzido atualmente pelo país, foi o responsável por curar 1.500 pessoas na China. Segundo o infectologista Adilson Joaquim Westheimer Cavalcante, coordenador do Departamento Científico de Infectologia da Associação Paulista de Medicina, não há nenhuma evidência científica sobre essa informação.

Ele informa que o Interferon é um medicamento utilizado para tratamento de pacientes com hepatite C crônica – pela internet, há informações de que ele também é usado contra o HIV, mas o infectologista explica que essa informação não procede. Porém, o médico alerta que, em altas doses, o remédio pode trazer mais danos colaterais do que benefícios ao usuário. A administração em dosagens alteradas pode fazer com que o paciente apresente febre, dores no corpo, queda de leucócitos, mal-estar e irritação.

O infectologista também fala sobre outros medicamentos que fazem parte dos testes. Ele destaca o Lopinavir + Ritonavir, antiviral também utilizado no tratamento do HIV; Cloroquina, droga eficaz na profilaxia e no tratamento de malária; e o Remdesivir, medicamento injetável que, segundo ele, deve ser o escolhido como remédio contra o coronavírus.

O jornal The Guardian aponta o Remdesivir como um medicamento que “ataca a capacidade do vírus de se replicar no corpo. Em estudo com animais, o remédio trabalhou contra mais dois coronavírus mortais, Sars e Mers, principalmente quando administrado logo após o surgimento dos primeiros sintomas”.

A droga, que também está sendo estudada na Universidade da Carolina do Norte, pode servir para “potencialmente ajudar a tornar a doença das pessoas menos grave, salvar a vida dos hospitalizados e ser usada profilaticamente pelos trabalhadores dos hospitais”, declarou o virologista Timothy Sheahan.

Apesar do momento conturbado de informações e de os medicamentos estarem todos ainda em fase de testes, pesquisadores estão otimistas e dizem que os resultados são animadores.

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital