Grupos usam impressoras 3D e crowdsourcing no combate ao coronavírus

'Makers' em todo o mundo estão se organizando para reunir recursos, ferramentas e habilidades para produzir rapidamente equipamentos que possam auxiliar no combate à Covid-19
Rafael Rigues23/03/2020 13h15

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A escala global da pandemia de Covid-19 representa um desafio para os profissionais de saúde. Com a imensa quantidade de pessoas necessitando de cuidados médicos simultaneamente, faltam suprimentos essenciais como máscaras e respiradores, sem os quais a vida dos pacientes está em risco.

Por isso, grupos de “makers” em todo o mundo estão se organizando para reunir recursos, ferramentas e habilidades para produzir rapidamente equipamentos que possam auxiliar no combate à doença. Um exemplo conhecido é o da empresa italiana Isinnova, que projetou e produziu, usando impressoras 3D, válvulas para respiradores usados na UTI do hospital de Brescia, uma das regiões da Itália mais atingidas pelo vírus.

Esforços semelhantes surgiram em todo o mundo. Em Liverpool, Nova York, Isaac Budmen e Stephanie Keefe estavam na semana passada imprimindo mais de 300 protetores faciais para trabalhadores de um local de testes para coronavírus em Siracusa, segundo o The Post-Standard of Syracuse. Budmen e Keefe administram uma empresa, a Budmen Industries, vendendo impressoras 3D e recorreram a uma frota de 16 impressoras 3D em seu porão.

Médicos, técnicos hospitalares e especialistas em impressão 3D também estão usando o Google Docs, grupos do WhatsApp e bancos de dados online para trocar dicas para construir, consertar e modificar máquinas como ventiladores para ajudar a tratar o crescente número de pacientes com Covid-19.

“Temos milhões de profissionais de saúde em todo o país que estão preparados para combater esse vírus, mas estou preocupado com algumas áreas de suprimentos necessários para fazer isso da maneira mais eficaz possível”, disse o Dr. Peter Slavin, presidente do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, à NBC News. Ele observa que equipamentos como máscaras cirúrgicas e proteção para os olhos já estão escassos.

Mais inovação

Uma empresa de impressão 3D na República Tcheca, a Prusa Research, apresentou seu protótipo para um protetor facial impresso em 3D ao Ministério da Saúde do país para verificação, de acordo com um post no blog empresa.

Já a Newspeak House, organização sem fins lucrativos com sede no Reino Unido, criou o Coronavirus Tech Handbook, um guia on-line para reagir à pandemia. O documento inclui uma seção com mais de uma dúzia de projetos de código aberto para construir um ventilador de emergência usando hardware barato. Saperia também criou um grupo do WhatsApp no qual especialistas discutem a modificação, reparos ou a construção de ventiladores. Em uma das conversas, um médico na Índia descreveu como modificou um único ventilador para tratar dois pacientes.

No Brasil, a engenheira biomédica Thabata Ganga está organizando um esforço para coordenar makers, engenheiros, fablabs, empresas e médicos para a produção rápida de equipamentos como máscaras e ventiladores mecânicos.

Já a iFixIt, mais conhecida pelo desmonte e análise de gadgets cobiçados como novos smartphones, iniciou um esforço para concentrar manuais de reparos de ventiladores mecânicos e equipamentos similares. A ideia é que ao tornar os manuais facilmente acessíveis, técnicos hospitalares possam consertar e colocar novamente em operação máquinas que eventualmente falhem devido ao uso acelerado.

A iFixit também está considerando fornecer projetos para permitir que as pessoas imprimam em 3D os principais componentes de ventiladores, como válvulas, se houver demanda por parte dos hospitais dos EUA, disse Kyle Wiens, CEO da empresa.

“Estamos conversando via telefone regularmente com nossos hospitais e médicos locais e, se surgirem problemas, tentaremos desenvolver soluções”, afirmou o executivo.

Fonte: NBC News

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital