O governo dos Estados Unidos assinou um acordo no valor de US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 8,5 bilhões) com a Novavax para apoiar o desenvolvimento de uma candidata a vacina contra o novo coronavírus. O contrato visa financiar as etapas de testes clínicos avançados do imunizante pesquisado pela empresa e inclui a reserva de 100 milhões de doses para o país, caso o composto seja aprovado futuramente.
A vacina, denominada NVX-CoV2373, apresentou resultados promissores em testes conduzidos com camundongos e ratos. Em maio, foi iniciada a primeira etapa de ensaios clínicos em humanos. Neste primeiro estágio, a pesquisa procura atestar, por meio de experimentos com poucos participantes, a segurança do produto e a capacidade dele de gerar resposta imune do organismo. Os resultados preliminares devem ser divulgados em julho, segundo a companhia.
O executivo-chefe da Novavax, Stanley C. Erk, afirmou em entrevista ao Bloomberg que a vacina não apresentou problemas na primeira fase. Ele acrescentou ainda que a segunda etapa de testes deve começar em agosto com a participação de entre mil e 2 mil pessoas, que receberão doses da vacina ou placebo. A substância ainda terá que passar por um terceiro estágio para garantir autorização e ser distribuída.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 140 vacinas contra a Covid-19 estão em desenvolvimento ao redor do mundo. Imagem: Reprodução/Universidade de Oxford
A Novavax, no entanto, trabalha com a meta de disponibilizar a vacina entre o fim de 2020 e o início de 2021. Além do investimento do governo norte-americano, a empresa recebeu, em março, um aporte de US$ 388 milhões (cerca de R$ 2,08 bilhões) da organização sem fins lucrativos norueguesa Coalizão para Inovação e Preparações para Epidemias.
A vacina combina técnicas de engenharia genética para cultivar cópias inofensivas da espícula proteica usada pelo novo coronavírus para invadir células humanas. Produzidas em cubas de células de insetos em laboratório, as proteínas são extraídas, purificadas e embaladas em nanopartículas do tamanho do vírus. A expectativa é que o organismo reconheça a nanopartícula e desencadeia resposta imune capaz de neutralizar as funções da espícula do novo coronavírus em futuras infecções.
Estratégia
O acordo com a Novavax integra a Operação Warp Speed, criada pelo governo norte-americano, para acelerar o desenvolvimento e garantir o acesso dos Estados Unidos a imunizantes contra a Covid-19. O país lidera o número de mortes e contaminações pelo novo coronavírus em todo o mundo, com mais de 130 mil óbitos e quase 3 milhões de pessoas infectadas.
A parceria representa o maior investimento em uma vacina no escopo do projeto, como ressalta o Bloomberg. Em maio, os Estados Unidos anunciaram a contratação de 300 milhões de doses da vacina desenvolvida pelo grupo farmacêutico Astrazeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, pelo valor de US$ 1,2 bilhão – o imunizante britânico é, atualmente, o único na etapa final de ensaios clínicos em humanos.
O país também investiu US$ 483 milhões na solução pesquisada pela companhia norte-americana Moderna Inc. A expectativa das autoridades é garantir o acesso a uma vacina ainda no final deste ano.
“A adição da Novavax ao diversificado portfólio de vacinas da Operação Warp Speed ​​aumenta as chances de que tenhamos uma vacina segura e eficaz no final deste ano”, afirma Alex Azar, secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, em um comunicado à imprensa. Especialista, no entanto, acreditam que uma vacina contra o novo coronavírus deve estar disponível somente em 2021.
Fonte: Estadão (Via Bloomberg)