Estimar o número real de infectados pelo novo coronavírus no Brasil parece ser uma tarefa ainda difícil de concluir. Essa informação, entretanto, é essencial para que seja possível definir medidas mais efetivas de combate à covid-19 e de como deve ser o comportamento da sociedade durante a pandemia.
Com isso em mente, epidemiologistas da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, decidiram estudar o alcance da infecção na população. Começaram no estado gaúcho e chamaram a atenção do Ministério da Saúde, que decidiu expandir o estudo para todo o Brasil.
O levantamento fez, inicialmente, 4.189 exames em nove municípios do Rio Grande do Sul. Foram usados testes rápidos, que detectam a presença de anticorpos. Em outras palavras, esses exames indicam quem já teve contato com o vírus. Os primeiros resultados mostraram que cerca de 0,05% da população gaúcha havia sido contaminada. Em uma segunda etapa, o total de indivíduos com anticorpos foi de 0,13%.
Para avaliar o Brasil como um todo, serão coletadas amostras em 133 cidades de todos os estados. O estudo terá três fases, cada uma delas com 33.250 participantes, em um total de 99.750 indivíduos. Parece pouco, já que o Brasil tem mais de 210 milhões de habitantes, mas Aluísio explica que essa é uma amostra significativa.
Esse tipo de avaliação é útil para auxiliar o desenvolvimento de estratégias de saúde pública. Isso porque as evidências de como a doença se dissemina no país ajudam a definir como e quando cada região pode permitir o retorno às atividades fora de casa, por exemplo.
Para diminuir a possibilidade de desvio, uma vez que a quantidade de testes é limitada e o processo é feito por amostragem, os participantes são escolhidos de forma aleatória. Assim, evita-se que apenas quem já teve sintomas da doença seja considerado. A previsão era de que as coletas nacionais começassem hoje, 5 de maio, mas podem haver alterações no cronograma.