De acordo com um estudo, conduzido por especialistas da Sociedade Europeia de Cardiologia e publicado nesta segunda-feira (11) no European Heart Journalos homens possuem maior concentração da enzima Angiotensina II (ACE2) no sangue se comparado às mulheres. Isso faz com que eles tenham mais possibilidade de desenvolver quadros mais graves da Covid-19.

O trabalho, que analisou indivíduos com insuficiência cardíaca de 11 países europeus, foi feito com base nos resultados coletados de 1.485 homens e 537 mulheres. Em seguida, as descobertas foram validadas com a ajuda de outro conjunto de indivíduos, com 1.123 homens e 575 mulheres. A idade média dos participantes no primeiro e segundo grupo foi de 69 e 74 para homens, e, para as mulheres, foi de 75 e 76, respectivamente.

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Em ambos os casos, os resultados apontam que os sujeitos do sexo masculino apresentam uma concentração maior da enzima ACE2 – que, além do sangue, está presente no coração, nos rins, tecidos que revestem os vasos sanguíneos, testículos e pulmão.

Adriaan Voors, um dos principais responsáveis pela pesquisa, explicou, em um comunicado, que o “ACE2 é um receptor na superfície das células. Ele se liga ao coronavírus e permite que ele entre e infecte células saudáveis depois que foi modificado por outra proteína presente na superfície da célula, chamada TMPRSS2. Níveis altos de ACE2 estão presentes nos pulmões e, portanto, acredita-se que desempenhe um papel crucial na progressão de distúrbios pulmonares relacionados à Covid-19”.

Voors e seus colegas já estudavam diferenças nos marcadores de doenças no sangue entre homens e mulheres antes do surto atual. Iziah Sama, outro dos envolvidos na pesquisa, comentou sobre os resultados: “Quando descobrimos que um dos biomarcadores mais fortes, o ACE2, era muito maior em homens do que em mulheres, percebemos que isso tinha potencial de explicar porque os homens possuem maior probabilidade de morrer de Covid-19 do que as mulheres”.

Além disso, os pesquisadores descobriram que pacientes com problemas de coração, mais especificamente com insuficiência cardíaca, que tomam medicamentos direcionados para renina-angiotensina-aldosterona (RAAS), não apresentavam concentração acima do normal de ACE2 no sangue, o que “não apoia a descontinuação desses medicamentos em pacientes com Covid-19, conforme sugerido por estudos anteriores”, finaliza Voors.

Via: Revista Galileu