Efeito da Covid-19 no aquecimento global é ‘insignificante’, diz estudo

Redução da atividade econômica e emissão de gases do efeito estufa durante a pandemia não diminuiu riscos de aumento de temperatura global
Daniel Junqueira07/08/2020 20h23, atualizada em 09/08/2020 13h00

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A pandemia do coronavírus diminuiu a atividade global, inclusive reduzindo a emissão de gases do efeito estufa e poluentes. No entanto, um estudo divulgado na revista científica Nature Climate Change indica que ela foi “insignificante” para alterar o rumo das mudanças climáticas no planeta.

O estudo foi assinado por cientistas de universidades de diversos países, incluindo pesquisadores do Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha. Eles estimam que a queda nas emissões durante a pandemia deve levar a uma redução de 0,005°C a 0,01°C na temperatura global.

Os pesquisadores analisaram dados de 123 países que são responsáveis por mais de 99% das emissões de gás carbônico no mundo. As informações envolviam a mobilidade dentro dos países entre fevereiro e junho. Com isso, eles concluíram que o pico das reduções das atividades econômicas foi em abril.

Reprodução

Aquecimento global. Via iStock

Próximos anos podem ser decisivos

Para os cientistas, se o mundo adotar uma “recuperação verde” pós pandemia, o aquecimento global pode ficar abaixo de 1,5°C até 2050. Para isso, eles modelaram cinco possíveis cenários para o futuro do mundo após a Covid-19.

O primeiro cenário prevê que os países vão manter as emissões conforme previsto por cada nação para conter as mudanças climáticas. O segundo, elas diminuiriam por um período de dois anos, retomando ao nível anterior à pandemia em 2022. O terceiro, um pouco mais pessimista, estabelece que a recuperação econômica pós-pandemia vai aumentar o consumo de combustíveis fósseis sem estímulo a fontes alternativas de energia – nesse caso, as emissões seriam 10% maiores em 2030 do que o normal.

Os dois outros cenários são mais positivos: no primeiro, a recuperação acompanha um “estímulo verde moderado”, resultando em uma queda de 35% na emissão de gases do efeito estufa até 2030, com o número zerando globalmente até 2060. Por fim, com “forte estímulo verde”, a emissão de gases pode cair em 50% até 2030, e ser zerada até 2035.

Assim, os cientistas dizem que tudo depende de como será a retomada pós-pandemia: como a redução das atividades não teve efeito considerável durante a fase mais complicada da Covid-19, a forma como países vão lidar com a recuperação e a retomada nos próximos anos pode determinar se o mundo vai atingir a meta estabelecida pelo Acordo de Paris de 2015 ou não.

Via: G1

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital