Desenvolvida pela Universidade de Oxford, a vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AZD1222) tem atraído a atenção de autoridades do mundo todo. Agora, em um teste realizado com porcos, a aplicação de duas doses foi responsável por produzir uma resposta de anticorpos muito maior do que apenas uma.

Testes anteriores realizados em macacos mostraram que a aplicação da vacina foi responsável por protegê-los contra doenças pulmonares após uma única imunização. Para expandir essa descoberta, o Instituto Pirbright, trabalhando com a Universidade de Oxford, descobriu que uma segunda dose pode produzir uma resposta imune mais eficaz.

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No estudo, os cientistas viram um aumento acentuado dos anticorpos neutralizantes, que se ligam ao vírus de maneira que bloqueiam a infecção. No entanto, mesmo com esse resultado, ainda não se sabe exatamente qual nível de resposta imune será necessário para proteger os seres humanos contra o Sars-Cov-2.

Pesquisadores disseram que a descoberta em porcos é muito importante, pois sugere que duas doses da vacina criada em Oxford podem potencialmente oferecer mais proteção em humanos do que apenas uma. Porém, eles destacam que testes mais aprofundados ainda devem ser realizados.

Fisiologicamente falando, os porcos são os animais que mais se aproximam dos seres humanos – em peso corporal e taxa metabólica, por exemplo.

Importância do estudo

Para o professor Bryan Charleston, diretor do Instituto Pirbright, a descoberta é “encorajadora”. “A administração de duas injeções da mesma vacina aumenta as respostas de anticorpos que podem neutralizar o vírus, mas é a resposta em humanos que importa”, diz.

Para o estudo, os porcos foram divididos em dois grupos, ambos recebendo uma dose inicial da vacina, mas apenas um deles recebeu a imunização de reforço – a segunda aplicação – no dia 28 da pesquisa.

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Segundo pesquisa, duas doses da vacina podem oferecer mais proteção contra o novo coronavírus. Foto: Nastasic/ iStock

Segundo Stephen Griffin, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Leeds, a descoberta é importante em três frentes de trabalho. “Primeiro, o estudo foi conduzido em um modelo animal de grande porte, que sabemos apresentar respostas semelhantes às humanas às vacinas contra influenza melhor do que muitos outros sistemas”, explica.

E continua: “Segundo. Mostra que uma segunda dose da vacina, a chamada estratégia de ‘reforço primário’, dá respostas muito melhores do que uma única inoculação, o que pode aliviar as preocupações decorrentes de alguns trabalhos anteriores sobre esta e outras vacinas direcionadas”.

“Terceiro, mostra que a estratégia de reforço primário pode muito bem ser alcançada usando a mesma vacina, em vez de ter que mudar para uma plataforma alternativa para uma segunda dose, o que poderia atrasar a implementação do programa de vacinação”.

“Embora esses testes precisem ser repetidos em humanos, e a natureza exata e a longevidade das respostas possam exigir mais investigações, este é um modelo de estudo encorajador que pode ser construído e idealmente seguido por outras plataformas potenciais de vacina contra o Sars-Cov-2”, finaliza Griffin.

Via: Science Focus