A Índia aprovou, no fim de setembro, o uso comercial de um teste para a Covid-19 que tem se mostrado promissor. Feito em tiras de papel, o novo kit de detecção é rápido, barato e tem níveis de precisão semelhantes aos do método RT-PCR, considerado “padrão-ouro” para o diagnóstico do vírus.

Conhecido como Fedula, o teste utiliza uma tecnologia de edição de genes chamada CRISPR, capaz de identificar a assinatura genética do novo coronavírus e entregar o resultado em menos de uma hora. Ele foi desenvolvido no Instituto de Biologia Integrativa e Genômica (IGIB) de Nova Deli, e testado em um grupo de 2.000 pacientes antes de ser encaminhado para aprovação.

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Os pesquisadores concluíram que o kit tem níveis de sensibilidade e especificidade de 96% e 98%, respectivamente. Na prática, isso significa que ele é pouco propenso a dar falsos positivos ou falsos negativos. 

O custo de produção também é atraente. De acordo com seus criadores, cada teste Fedula demanda cerca de US$ 6,70 (R$ 38) para ser feito. Essas características levaram o professor K. Vijay Raghavan, principal consultor científico do governo indiano, a descrevê-lo como “simples, preciso, confiável e escalonável”, em entrevista à BBC. 

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Com mais de 6 milhões de casos confirmados, Índia é o atual epicentro mundial da pandemia. Imagem: Manoej Paateel/Shutterstock

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Vantagens comparativas

O mérito do Fedula, segundo os pesquisadores do IGIB, é combinar as melhores características dos testes PCR e de anticorpos. O primeiro, embora muito confiável, é demorado e custa caro, enquanto o segundo ganha em agilidade e perde em precisão – testes rápidos costumam gerar mais resultados falsos negativos.

Já as tiras de papel têm a confiabilidade do PCR e a rapidez dos testes de anticorpos, como explica o diretor do Instituto, Anurag Agarwal. Além disso, o kit pode ser produzido em laboratórios menores por não precisar de máquinas sofisticadas. 

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De acordo com Thomas Tsai, do Harvard Global Health Institute, os testes baseados em Crispr representam uma espécie de “terceira onda” dos métodos de detecção do novo coronavírus. Nos Estados Unidos e Reino Unido, diversas empresas e laboratórios de pesquisa já trabalham no desenvolvimento em massa de exames semelhantes, também em tiras de papel.

Na Índia, o cenário atual é propício para demonstrar a eficácia do teste, algo que pode repercutir em todo o mundo. O país passa por um momento crítico da pandemia, com mais de 6,5 milhões de casos confirmados e 102 mil mortes, atrás apenas dos Estados Unidos nos números relacionados à transmissão do vírus. 

Via: BBC