Covid-19: Índia aprova teste rápido e preciso feito de papel

Método de detecção baseia-se na tecnologia CRISPR, que identifica o novo coronavírus por meio de edição genética; resultados são promissores e podem repercutir em todo o mundo
Davi Medeiros05/10/2020 13h20, atualizada em 05/10/2020 13h28

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A Índia aprovou, no fim de setembro, o uso comercial de um teste para a Covid-19 que tem se mostrado promissor. Feito em tiras de papel, o novo kit de detecção é rápido, barato e tem níveis de precisão semelhantes aos do método RT-PCR, considerado “padrão-ouro” para o diagnóstico do vírus.

Conhecido como Fedula, o teste utiliza uma tecnologia de edição de genes chamada CRISPR, capaz de identificar a assinatura genética do novo coronavírus e entregar o resultado em menos de uma hora. Ele foi desenvolvido no Instituto de Biologia Integrativa e Genômica (IGIB) de Nova Deli, e testado em um grupo de 2.000 pacientes antes de ser encaminhado para aprovação.

Os pesquisadores concluíram que o kit tem níveis de sensibilidade e especificidade de 96% e 98%, respectivamente. Na prática, isso significa que ele é pouco propenso a dar falsos positivos ou falsos negativos.

O custo de produção também é atraente. De acordo com seus criadores, cada teste Fedula demanda cerca de US$ 6,70 (R$ 38) para ser feito. Essas características levaram o professor K. Vijay Raghavan, principal consultor científico do governo indiano, a descrevê-lo como “simples, preciso, confiável e escalonável”, em entrevista à BBC. 

Reprodução

Com mais de 6 milhões de casos confirmados, Índia é o atual epicentro mundial da pandemia. Imagem: Manoej Paateel/Shutterstock

Vantagens comparativas

O mérito do Fedula, segundo os pesquisadores do IGIB, é combinar as melhores características dos testes PCR e de anticorpos. O primeiro, embora muito confiável, é demorado e custa caro, enquanto o segundo ganha em agilidade e perde em precisão – testes rápidos costumam gerar mais resultados falsos negativos.

Já as tiras de papel têm a confiabilidade do PCR e a rapidez dos testes de anticorpos, como explica o diretor do Instituto, Anurag Agarwal. Além disso, o kit pode ser produzido em laboratórios menores por não precisar de máquinas sofisticadas.

De acordo com Thomas Tsai, do Harvard Global Health Institute, os testes baseados em Crispr representam uma espécie de “terceira onda” dos métodos de detecção do novo coronavírus. Nos Estados Unidos e Reino Unido, diversas empresas e laboratórios de pesquisa já trabalham no desenvolvimento em massa de exames semelhantes, também em tiras de papel.

Na Índia, o cenário atual é propício para demonstrar a eficácia do teste, algo que pode repercutir em todo o mundo. O país passa por um momento crítico da pandemia, com mais de 6,5 milhões de casos confirmados e 102 mil mortes, atrás apenas dos Estados Unidos nos números relacionados à transmissão do vírus.

Via: BBC

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital