Covid-19: droga contra o HIV se mostra eficaz em testes da Fiocruz

Pesquisadores do instituto obtiveram resultados positivos em culturas de células; mais testes são necessários para comprovar a eficácia total do remédio
Luiz Nogueira07/04/2020 12h10, atualizada em 07/04/2020 12h25

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Em meio aos testes de medicamentos para ajudar no combate ao novo coronavírus, um grupo de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pode ter encontrado um novo possível candidato: o atazanavir. A aplicação do remédio, usado há mais de duas décadas contra o HIV, teve resultados positivos em culturas de células. Ele foi responsável por reduzir em até 100 vezes a velocidade de replicação do vírus.

Devido ao histórico de tratamento contra a Aids, o medicamento pode ser considerado menos tóxico que a cloroquina, por exemplo. No entanto, vale salientar que o medicamento ainda não está autorizado e nem tem seu uso recomendado para este fim. Ainda são necessários testes mais amplos para atestar sua eficácia.

Em tese, os pesquisadores acreditam que, assim como os testes preliminares com outros medicamentos, o atazanavir pode reduzir a inflamação generalizada associada aos casos mais graves da Covid-19.

No entanto, ainda é necessário comprovar que o medicamento é mesmo anti-inflamatório ou se o efeito foi causado pela redução da quantidade do vírus nas células. A segunda opção, de acordo com os pesquisadores, é a mais provável, já que a produção de substâncias inflamatórias pelas células pode ser menor pela carga do vírus ser reduzida.

Início dos testes

Para verificar todas as propriedades do remédio e sua eficácia, a própria equipe do Fiocruz iniciou os testes em camundongos. A principal característica do medicamento é que ele inibe a ação da enzima protease, essencial para que o vírus se multiplique dentro do corpo humano.

Os resultados iniciais do teste foram publicados na revista científica bioRxiv, mas ainda não passou por verificações por pares – análise feita com a maioria dos estudos que têm relação com a Covid-19.

Em resumo, o medicamento se saiu melhor que a cloroquina, mas sem causar efeitos colaterais como problemas no coração, olhos e neurônios. De acordo com Thiago Moreno Souza, líder do estudo, a dose testada já é considerada segura pois é equivalente às aplicadas nas pessoas em tratamento.

Caso seja comprovado sua eficácia, o atazanavir pode ser usado em pacientes com quadro de pneumonia, mas que não apresentam sintomas mais graves da doença, quando há uma inflamação generalizada. O medicamento seria utilizado justamente para evitar que o paciente chegue nesta fase.

Via: O Globo

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital