A pandemia do novo coronavírus trouxe muitas palavras novas para o vocabulário cotidiano. Algumas delas são relacionadas aos testes que detectam o contato com o novo coronavírus, seja quando ele está ativo no organismo, seja quando já foram produzidos anticorpos contra a covid-19.
A equipe do Olhar Digital conversou com o virologista José Eduardo Levi para compreender quais são os testes disponíveis e como eles funcionam. O especialista diz que existem dois tipos de teste: os que detectam a presença do microrganismo e os que identificam a existência de anticorpos.
Quando o paciente tem o novo coronavírus no corpo, deve fazer o exame RT-PCR. Antes da pandemia, poucos sabiam o que é a transcrição reversa seguida de reação em cadeia de polimerase, o nome completo da RT-PCR. Agora, essa sigla está em todos os lugares. A técnica é usada para diagnóstico de doenças infecciosas e constata a presença de material genético do agente da infecção.
E como saber se deve fazer esse exame? Se tiver sintomas, o RT-PCR é o teste mais indicado. Depois do início dos sinais da doença, os próximos dez dias são ideais para determinar se o vírus está no organismo do doente. No caso do novo coronavírus, que é um vírus respiratório, são usadas amostras do fundo do nariz e da garganta.
A coleta é feita com um swab, uma espécie de cotonete que prende as células que serão analisadas. Para cada paciente, são necessários três swabs: um para cada narina e um para a garganta. Depois, o material é conservado em um reagente especial.
Esse material é inserido em um equipamento que aumenta seu tamanho milhões de vezes e mostra se o vírus está ali. Então, com a RT-PCR é possível saber se um indivíduo carrega o microrganismo no corpo e, portanto, está transmitindo a doença.
O exame pode ser feito já nos primeiros dias da infecção, quando a carga viral no aparelho respiratório superior do paciente está bem alta. Em quem apresenta sintomas, o teste é útil justamente nessa fase, pois esses sinais podem indicar a presença do vírus.
Por enquanto, o teste do tipo RT-PCR é o único autorizado para detecção do novo coronavírus pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, no Brasil. Além disso, para diagnóstico da covid-19, é o exame recomendado pela Organização Mundial da Saúde, a OMS.
Outra técnica, a amplificação isotérmica mediada por alça de transcrição reversa, a RT-LAMP, aguarda autorização do órgão para ser oferecida. Esse método usa saliva em vez de amostras do nariz e da garganta, e sua realização é mais simples: o próprio paciente coleta a saliva em um tubo.
Mais uma possibilidade é o teste que detecta antígenos. Assim como o exame RT-PCR, ele determina se um paciente tem o novo coronavírus no organismo. Pode ser feito a partir de 3 dias de infecção, quando os primeiros sintomas aparecem, e o resultado sai em 15 minutos. Segundo o virologista, a expectativa é que essa opção esteja disponível já em julho.
É importante ter em mente que quem teve sintomas e se recuperou provavelmente não tem mais o vírus no organismo. Então, um exame para detectá-lo não será útil. E como alguém que teve sintomas compatíveis com os da covid-19 e não foi diagnosticado com a doença pode saber se esteve infectado? É preciso fazer um exame que identifique a presença de anticorpos.
Depois da doença, o organismo desenvolve anticorpos. Como eles ficam no sangue, é preciso fazer um exame sorológico. Quem quiser saber se teve covid-19 tem duas opções: coletar uma amostra de sangue da veia em um laboratório e aguardar algumas horas ou usar sangue da ponta do dedo e ter resultado quase instantâneo com um teste rápido.
A grande vantagem do teste rápido é a simplicidade, já que não é necessária uma estrutura laboratorial para processá-lo. Por outro lado, existe uma limitação de volume: analisar muitas amostras dessa forma é inviável, já que são inúmeros testes individuais. Além disso, eles podem não ser tão precisos e sensíveis quanto os exames feitos em laboratório.
Vale lembrar que os anticorpos começam a se formar apenas depois que ocorre a cura. Ou seja, exames de anticorpos feitos precocemente podem dar falsos negativos.
Em resumo, os testes têm objetivos bastante diferentes. Enquanto o que identifica a presença do vírus mostra quem ainda está infectado e, por isso, pode contaminar outros, o que busca anticorpos informa quem já teve a doença.
Interpretar os resultados de um exame é tão importante quanto se submeter ao teste. Então, para ter o diagnóstico mais adequado, é importante fazer o exame correto e ter o auxílio de um profissional de saúde na análise do contexto.