Colocar pacientes de bruços pode ajudar em casos graves da Covid-19

Segundo especialistas, a posição - deitado com a barriga para baixo - ajuda o oxigênio a chegar mais facilmente aos pulmões. Mas medida pode não ser a melhor para todos os casos
Renato Mota14/04/2020 22h05

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Os profissionais de saúde dos Estados Unidos e da China estão descobrindo que uma medida simples pode ajudar, e muito, pacientes com a Covid-19 em sua forma mais grave. Colocar os pacientes de bruços, deitados com a barriga voltada para a cama, ajuda a aumentar a quantidade de oxigênio que chega aos pulmões.

“Estamos salvando vidas com isso “, afirmou o diretor do da rede norte-americana de hospitais Northwell Health, Mangala Narasimhan, em entrevista à CNN. “É uma coisa tão simples de fazer, e vimos melhorias notáveis. Podemos ver isso para todos os pacientes”.

Um paciente do Long Island Jewish Hospital, que estava na UTI da unidade, foi colocado de bruços a pedido dos médicos e sua taxa de saturação de oxigênio, uma medida de oxigênio no sangue, passou de 85% para 98%. Desde então, pacientes que estão nos ventilados mecânicos geralmente ficam de barriga para baixo por cerca de 16 horas por dia.

Especialistas em cuidados críticos dizem que a posição de bruços permite que o oxigênio chegue mais facilmente aos pulmões. Deitados de costas, o peso do corpo acaba por esmagar algumas partes dos pulmões. “Ao colocá-los de bruços, estamos abrindo partes do pulmão que não estavam abertas antes”, explica Kathryn Hibbert, diretora da UTI médica do Hospital Geral de Massachusetts.

Um estudo de 2013 publicado no The New England Journal of Medicine já apontava os benefícios que a mudança de posição nas as taxas de mortalidade de pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo grave – um tipo de insuficiência respiratória causada por inflamação nos pulmões, também experimentada em casos graves de Covid-19.

Outro estudo, publicado em março e realizado em um hospital em Wuhan, na China (epicentro da pandemia global), descobriu que deitar os pacientes de bruços era, em alguns casos, mais efetivo do que aplicar pressão positiva nos pulmões usando ventiladores. “Este estudo é a primeira descrição do comportamento dos pulmões em pacientes com Covid-19 grave que necessitam de ventilação mecânica e que recebem pressão positiva”, disse Haibo Qiu, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Nanjing e coautor do artigo.

Apesar dos sucessos iniciais, esses estudos ainda são limitados em tamanho e podem não ser generalizáveis ​​para uma população maior. Muitos pacientes também podem não ser fisicamente capazes de passar o dia todo deitados de bruços no hospital. “É apenas um pequeno número de pacientes, mas nosso estudo mostra que o pulmão melhora quando o paciente está em decúbito ventral”, afirma o médico Chun Pan, também da Universidade de Nanjing.

Há um lado negativo. Pacientes ventilados requerem mais sedação quando estão de estômago para baixo, o que pode significar uma permanência mais longa na UTI. No Hospital Geral de Massachusetts, cerca de um terço dos pacientes com coronavírus sob ventilação são colocados de bruços, geralmente os que estão mais doentes e têm mais a ganhar do que perder por estar nessa posição.

“A maioria está disposta a tentar”, conta Hibbert. “Quanto tempo eles permanecem nessa posição realmente varia de pessoa para pessoa, se estão confortáveis em adormecer nessa posição ou se ficam entediados e querem se virar de costas”, afirma.

Via: Futurism/CNN/EurekaAlert

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital