Cientistas preveem surto de danos cerebrais após pandemia de Covid-19

Casos de uma doença rara no sistema nervoso central se tonaram mais constantes após o início da pandemia
Redação09/07/2020 20h08, atualizada em 09/07/2020 21h17

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Cientistas da University College London (UCL), no Reino Unido, alertaram para um possível surto de danos cerebrais deixados como sequelas da Covid-19. Na mesma direção, diversos outros estudos investigam se o coronavírus seria capaz de gerar complicações neurológicas também.

Para analisar as possibilidades, os cientistas observaram 43 pessoas contaminadas pelo coronavírus, as quais apresentavam, além dos sintomas comumente ligados à doença, disfunções cerebrais temporárias, derrames, danos nos nervos, entre outros problemas cerebrais.

De acordo com o estudo, publicado na revista científica Brain, dos 43 pacientes observados, nove contraíram a rara encefalomielite disseminada aguda (ADEM, na sigla em inglês), doença do sistema nervoso central caracterizada por alterações neurológicas inespecíficas, mais comum em crianças e que pode ter início após infecções virais.

Reprodução

Coronavírus pode ser responsável por sequelas cerebrais. Imagem: iStock

Os casos de ADEM, que costumavam surgir uma vez por mês na clínica especializada na doença em Londres, passaram a ser registrados ao menos uma ver por semana no decorrer do estudo promovido pela UCL.

Agora, além dos danos respiratórios, a Covid-19 se torna motivo para mais temores. “Minha preocupação é que temos milhões de pessoas com Covid-19 agora. Se em um ano tivermos 10 milhões de pessoas recuperadas e elas tiverem déficits cognitivos, então isso vai afetar sua capacidade de trabalhar e sua capacidade de efetuar atividades do cotidiano”, explicou Adrian Owen, neurocientista da Western University, no Canadá.

Michael Zandi, cientista Instituto de Neurologia da UCL e um dos autores do estudo, aproveitou o contexto para relembrar o surto de encefalite letárgica nas décadas de 1920 e 1930, pouco tempo depois da Gripe Espanhola, que fez mais de 50 milhões de vítimas fatais entre 1918 e 1919. “Se vamos ter uma epidemia em larga escala de danos cerebrais ligada à pandemia [de Covid-19], ainda precisamos ver”, declarou Zandi.

Via: G1

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital