Cientistas apresentam teste que detecta o novo coronavírus no esgoto

Criação é uma espécie de papel que consegue mostrar, quase em tempo real, a presença do vírus em águas residuais; o projeto é apenas uma prova de conceito, ainda não foi aplicado
Luiz Nogueira02/04/2020 19h53

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Em meio à pandemia do novo coronavírus, cientistas procuram maneiras de rastrear sua disseminação. Em um artigo recente, publicado na revista científica Environmental Science e Technology, uma equipe de pesquisadoras propõe um novo mecanismo de testes, que promete ser rápido, acessível e preciso: um item, feito de papel, pode detectar a presença do vírus em águas residuais – ou, como conhecido popularmente, no esgoto.
“No passado, desenvolvemos um dispositivo de papel para testar material genético em águas residuais como prova de conceito. Essa ideia tem um claro potencial para ser aplicada ao teste de infecções”, disse Zhugen Yang, engenheiro biomédico da Cranfield University, no Reino Unido, e um dos principais envolvidos no projeto.
Ele ainda afirma que a criação é barata, custando menos de £1 (cerca de R$ 6,50), além de ser fácil de usar. A ideia é que seja possível criar uma espécie de mapa da infecção, para ajudar as autoridades a entender onde estão os possíveis focos de transmissão, assim que os “sensores” forem implantados.
O dispositivo que Yang e seus colegas estão propondo seria uma forma para filtrar ácidos nucleicos em águas residuais. Os produtos químicos já presentes no papel detectariam se o ácido nucleico do novo coronavírus está presente.
O resultado seria visível imediatamente – um círculo verde se o vírus fosse detectado e um azul se não fosse. As criações de papel seriam fáceis de empilhar, armazenar e transportar, além de poderem ser queimadas após o uso.
Estudos recentes mostram que o novo coronavírus pode ser encontrado em urina e fezes, o que dá aos cientistas plena confiança de que um teste de águas residuais deve funcionar.
Esta pesquisa faz parte de um campo emergente chamado epidemiologia baseada em águas residuais (WBE). Embora o projeto tenha algumas limitações, incluindo testes mais amplos – já que seria necessário jogar “papéis” dos esgotos de cidades inteiras -, também possui suas vantagens – além de não ser invasivo, reúne dados quase em tempo real e geralmente os resultados são precisos.
Por enquanto, a novidade é apenas um conceito e não foi colocado em prática. Nas áreas em que indícios da doença forem encontrados, medidas adicionais poderiam ser tomadas para minimizar a disseminação, dando às autoridades de saúde outra maneira de lidar com a situação.
Via: Science Alert
Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital