O Brasil continua sendo um grande exportador de coronavírus. Depois de sinais do Sars-Cov-2 terem sido encontradas em frango e peixe vendidos para a China, agora foi a vez da carne bovina enviada ao país demonstrar as marcações genéticas do vírus.

A descoberta foi feita no dia 30 de setembro, em carga congelada vendida pela empresa Minerva. A companhia teve as exportações para a China suspensas por duas semanas, mas agora já pode retomar as vendas para o país.

A precaução é compreensível. A ciência ainda não sabe exatamente por quanto tempo o vírus pode resistir em cargas congeladas, mas sabe-se que o frio tende a preservá-lo melhor do que a temperatura ambiente. Os especialistas apontam que o coronavírus é inativado em cerca de três dias a uma temperatura comum, mas um estudo recente e ainda não revisado por pares, indica que ele pode se manter ativo e infeccioso por 3 semanas em baixas temperaturas.

A Nova Zelândia é outro exemplo de país alerta com comidas congeladas importadas. O país passou algumas semanas totalmente livre de casos de Covid-19, proibindo a entrada de turistas e quarentemando cidadãos que retornavam do exterior. No entanto, os casos voltaram a aparecer, e um dos focos era a família de um funcionário de uma empresa de transporte internacional de cargas congeladas. Não se sabe com certeza, no entanto, se essa foi a causa do surto, mas foi o suficiente para o país prestar mais atenção nesse possível vetor de contaminação.

A questão vai além da capacidade dos alimentos congelados em carregarem o vírus por longos prazos. Globalmente, frigoríficos têm se mostrado como polos de propagação de Covid-19, justamente pelas baixas temperaturas e pela proximidade entre os funcionários que manipulam os alimentos. Se o trabalhador está contaminado, ele tende a deixar rastros do vírus na comida também.

O que não se sabe, no entanto, é o quão infecciosos são esses rastros de coronavírus encontrados nessas cargas internacionais. Isso porque o teste muitas vezes detecta o material genético do vírus, e não necessariamente o vírus. Ele já pode estar inativo, mas seu RNA ainda pode ser detectado, mesmo que não represente mais nenhum risco.