Mesmo com a grave crise de saúde pública mundial, as tensões entre China e Estados Unidos continuam. Nesta terça-feira (17), o país asiático anunciou a expulsão de jornalistas norte-americanos trabalhando para os jornais Washington Post, The New York Times e The Wall Street Journal. Além disso, exigiu também que esses veículos, bem como as revistas Time e Voice of America, forneçam informações detalhadas sobre suas operações ao governo chinês.

O Ministério das Relações Exteriores da China fez o anúncio semanas depois de o governo Trump limitar a 100 o número de cidadãos chineses que podem trabalhar nos EUA para veículos de comunicação estatais chineses, considerados como veículos de propaganda.

Jornalistas das três empresas americanas, cujas credenciais de imprensa expiram este ano, foram instruídos a “notificar o Departamento de Informação do Ministério das Relações Exteriores dentro de quatro dias, a partir de hoje, e devolver seus cartões de imprensa dentro de dez dias”. As credenciais dos jornalistas chineses também expiram neste ano. 

Segundo o anúncio, os profissionais americanos na China continental “não poderão continuar trabalhando como jornalistas na República Popular da China, incluindo suas regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau”. Esses dois territórios citados são semiautônomos e, em tese, têm mais liberdade de imprensa.

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De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, as decisões “são medidas preventivas totalmente necessárias e recíprocas que a China é obrigada a tomar em resposta à opressão irracional que as organizações de mídia chinesa experimentam nos EUA”. O comunicado também acusa os americanos de “atacarem exclusivamente as organizações de mídia chinesas”, com base no que é chamado de “mentalidade da Guerra Fria”. O limite imposto por Trump forçou 60 funcionários chineses a deixar o país.

Repórteres estrangeiros estão entre os que relataram constantemente o surto de coronavírus em janeiro e fevereiro, inclusive nos primeiros dias, quando tratava-se de uma epidemia regional e o governo chinês buscava minimizar o problema. Agências de notícias estrangeiras também relataram outras questões sensíveis para as autoridades chinesas, como a internação em massa de muçulmanos na região de Xinjiang.

As autoridades americanas estavam se preparando para uma retaliação por parte dos chineses. Depois de Trump anunciar os novos regulamentos, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, escreveu em seu Twitter: “Agora que os EUA iniciaram o jogo, vamos jogar”. Ainda assim, representantes dos veículos em questão condenaram as atitudes chinesas.

As tensões entre os dois países aumentaram rapidamente nos últimos anos, muito por conta da guerra comercial iniciada por Trump em 2018. Além do comércio, os dois países se pressionam em muitas questões estratégicas e econômicas – incluindo a pandemia de Covid-19.

O anúncio da expulsão não indica que as redações de Hong Kong dessas organizações precisariam deixar de funcionar. Apesar de também ser território chinês, os regulamentos não são os mesmos aplicados no continente.

Via: The New York Times