Vanessa chegou a um hospital da Rede Samel, em Manaus, com sintomas de covid-19. Em pouco tempo, estava intubada. Como esse procedimento é invasivo, ela sofreu muito até se recuperar e receber a alta hospitalar.
A equipe da Samel, então, começou a pensar em uma forma de evitar que os pacientes passassem por isso. E aí surgiu a cápsula de ventilação que tem sido utilizada nas unidades da rede para tratar os doentes que precisam de auxílio para respirar. Em homenagem à primeira paciente tratada pela equipe, o dispositivo recebeu o nome de Cápsula Vanessa.
Parecida com uma pequena tenda de plástico colocada sobre o paciente, a cápsula evita que aerossóis se dissipem no ar e infectem os profissionais de saúde. Assim, pode-se usar uma máscara de ventilação simples no doente para que ele receba ar constantemente e manter a segurança da equipe.
Como esse tipo de máscara não evita a saída de aerossóis, os engenheiros que criaram a cápsula instalaram três filtros de barreira antiviral nela. Assim, vírus e bactérias não saem do microambiente quando um profissional de saúde tiver de fazer algum procedimento no paciente.
A equipe da Samel diz que o uso da Cápsula Vanessa diminui o tempo que o paciente tem de ficar na UTI em até quatro vezes: em média, são 4,9 dias contra os cerca de 20 dias necessários quando se faz a intubação. E ainda tem a vantagem do preço: menos de 500 reais, em comparação com os milhares de reais pagos nos respiradores usados na intubação.
Algumas associações médicas manifestaram preocupação com o uso da cápsula enquanto não há comprovação científica do seu benefício. Alexandre Ísola, Membro da Diretoria Ampliada da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, diz que adotar a cápsula sem esse cuidado pode ser perigoso.
A Samel garante que os profissionais da rede usam todos os equipamentos de proteção necessários e que a cápsula pode ser higienizada após o uso sem qualquer risco. Além disso, contam que, até o momento, já houve mais de 200 altas de doentes que foram tratados com o uso desse recurso.
O sistema foi instalado pela Samel no Hospital Municipal de Campanha de Manaus e em unidades hospitalares do Pará e de Roraima. Qualquer outro hospital que quiser adotar a ideia, pode fazê-lo com as instruções disponíveis gratuitamente no site do Instituto Transire.