Brasil testa uso da vacina BCG como prevenção da Covid-19

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações conduz testes com mil voluntários; imunizante pode oferecer proteção de curto prazo contra doenças respiratórias
Davi Medeiros27/08/2020 18h01, atualizada em 27/08/2020 18h22

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O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações está testando a eficácia da vacina BCG como possível prevenção contra a Covid-19. O anúncio foi feito na quarta-feira (26) pelo ministro da pasta, Marcos Pontes, em entrevista à CNN Brasil.

De acordo com o secretário do Ministério, Marcelo Morales, a vacina foi aplicada em mil profissionais da saúde com o objetivo de possibilitar estudos sobre o seu efeito contra o novo coronavírus. Ele afirma que foram contratados “protocolos de pesquisa” para testar esta hipótese.

A BCG é aplicada durante as primeiras semanas de vida para prevenir as formas graves da tuberculose. É a famosa “vacina da marquinha”, conhecida por deixar uma cicatriz no braço direito, local da aplicação.

Países europeus já testam a BCG contra a Covid-19 desde abril, quando um estudo do Instituto de Tecnologia de Nova York (NYIT) sugeriu que o imunizante poderia proteger contra outras doenças além da tuberculose. No Brasil, uma pesquisa semelhante foi conduzida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Vacina BCG é aplicada nos primeiros dias de vida para proteger contra a tuberculose. Imagem: Akkalak Aiempradit/Shutterstock

Enquanto um imunizante específico contra o Sars-Cov-2 não é aprovado, o plano do Ministério é descobrir se, a curto prazo, a BCG pode agir como uma alternativa para atenuar o número de casos e mortes na pandemia, mesmo que a proteção não seja definitiva.

Os estudos destinados a avaliar essa possibilidade, contudo, devem demorar cerca de um ano. Até lá, a previsão é que já exista uma vacina própria contra a Covid-19.

A vacina contra poliomielite poderia ajudar?

Um grupo de pesquisadores russos sugere que a vacina contra a poliomielite seja aproveitada contra a Covid-19. Para justificar a ideia, eles trouxeram à tona um experimento de 1959, conduzido pelos célebres virologistas Mikhail Chumakov e Marina Voroshilova.

Na ocasião, os médicos misturaram fragmentos enfraquecidos do poliovírus a cubos de açúcar e deram aos filhos. Embora arriscado, o experimento foi bem-sucedido, e teve êxito ainda num aspecto inesperado. Por cerca de um mês, as crianças ficaram imunes não apenas à poliomielite, mas a diversas outras infecções virais.

As crianças cresceram e também se tornaram virologistas. O que eles sugerem agora é que, enquanto uma vacina específica contra o coronavírus não é aprovada, o método seja utilizado como uma alternativa para “ganhar tempo” contra a doença.

A ideia, contudo, não é bem vista por grande parte da comunidade científica, e, diferente do que acontece atualmente com a BCG, não há registro de testes envolvendo o poliovírus no combate à Covid-19.

Via: CNN Brasil

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital