Brasil pode entrar na rota de testes de mais uma vacina chinesa

CanSino, cujo composto começou a ser usado entre militares da China, negocia fase 3 de testes no Brasil e em outros países
Renato Santino14/07/2020 18h24, atualizada em 14/07/2020 18h30

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O Brasil pode ser palco de testes de mais uma vacina contra a Covid-19. Além dos testes da AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, e da CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac, o país está na rota dos testes de outro laboratório da China, a CanSino.

Segundo Qiu Dongxu, CEO e cofundador da CanSino, a empresa está com conversas abertas com o Brasil para iniciar a fase 3 de testes da vacina Ad5-nCov. A companhia também discute a possibilidade de testar seu composto com Rússia, Arábia Saudita e Chile. A expectativa é que 40 mil voluntários sejam incluídos na etapa definitiva da pesquisa, como relata a agência Reuters.

Os testes internacionais da vacina se mostram importantes neste momento para laboratórios de países que conseguiram controlar a pandemia. A fase 3 de testes depende de voluntários que sejam expostos ao vírus para saber se o composto realmente é capaz de protegê-los contra a infecção em comparação com o grupo placebo. Com o Brasil registrando 40 mil casos novos por dia, o país se torna o ambiente ideal para esse tipo de experimento; regiões onde o vírus está sob controle demorariam muito mais tempo para apresentar resultados confiáveis.

A vacina da CanSino utiliza uma técnica pouco convencional de imunização. Em vez de utilizar o vírus inativado ou atenuado, os pesquisadores modificaram geneticamente um adenovírus inofensivo para seres humanos, fazendo com que ele manifeste a proteína “spike” que é característica do coronavírus, usada para conectar-se às células. A ideia é criar imunidade contra a proteína, dando ao corpo a oportunidade de se preparar contra uma infecção real.

O composto também já passou pela primeira fase de testes, que visam atestar a segurança da vacina, e os dados foram publicados na revista Lancet. Não foram relatados efeitos adversos mais graves, permitindo o avançar para a fase 2, que ainda não teve seus resultados publicados. Segundo Dongxu, a segunda etapa teve resultados ainda mais encorajadores do que a primeira, mas não deu os dados para sustentar sua afirmação.

Apesar da incerteza sobre os resultados, a vacina da CanSino já foi aprovada para uso experimental nas forças armadas chinesas durante um período de um ano. O governo do Canadá também fechou uma parceria para que a fórmula fosse testada no país.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital