Brasil já tinha mortes por Covid-19 antes do Carnaval, diz Fiocruz

Estudo estima primeira morte no fim de janeiro e transmissão comunitária no início de fevereiro
Renato Santino12/05/2020 01h59

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No dia 26 de fevereiro, o Brasil confirmou seu primeiro caso de Covid-19. No entanto, segundo um novo estudo do Instituto Osvaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a doença já circulava pelo país muito antes disso: a primeira morte por infecção pelo coronavírus foi registrada no Rio de Janeiro na quarta semana epidemiológica de 2020, referente ao período entre 19 e 25 de janeiro.

Gonzalo Bello, coordenador do estudo na Fiocruz, diz que a descoberta foi feita graças uma metodologia estatística seguido da testagem retrospectiva de pacientes. A organização mirou nas pessoas que morreram em decorrência de uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), mas que ainda não tinham sido diagnosticados no momento do óbito.

O estudo da Fiocruz contrasta bastante com o que os dados oficiais mostravam sobre a doença no Brasil até hoje. Pela linha do tempo oficial, o primeiro caso ocorreu em 26 de fevereiro e a primeira morte apenas em 17 de março, com a descoberta de transmissão comunitária (quando não há mais controle sobre a origem da transmissão da doença) no dia 13 de março.

A história contada pelo estudo, no entanto, não confirma se o primeiro óbito realmente corresponde ao primeiro caso nacional, mas identifica que já havia transmissão comunitária em andamento em São Paulo desde o começo de fevereiro, entre os dias 2 e 8 daquele mês, referente à sexta semana epidemiológica, como relata O Globo.

Na prática, isso significa que pessoas infectadas já circulavam e infectavam outras pelo Brasil antes do Carnaval, criando um cenário ideal para a disseminação da Covid-19 nos blocos. Segundo estima o estudo, enquanto as festas de rua aconteciam, já havia 10 pessoas mortas por causa do coronavírus, com outras 24 infectadas. Quando o primeiro caso de transmissão comunitária foi confirmado pelo Ministério da Saúde, já eram 736 infectados e 209 mortes, segundo as estimativas da Fiocruz.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital