No meio da pandemia, muita gente se dispôs a colocar seu conhecimento a serviço do combate à covid-19. E essa disponibilidade veio de profissionais das mais diferentes especialidades. Um deles é o engenheiro Guilherme Thiago de Souza. Ele passou a pensar em uma maneira de usar a engenharia para fazer um dispositivo que fosse útil para doentes infectados pelo novo coronavírus.
A escolha natural foi o ventilador mecânico. Esse equipamento é um dos mais necessários para o tratamento dos pacientes e, além de ser bastante caro, está em falta em todo o mundo.
A chegada do fisioterapeuta Thiago Marrachini à equipe fez Guilherme olhar para os capacetes de ventilação não invasiva. Eles já são usados na Europa e o grupo decidiu criar uma versão nacional do dispositivo. Foi assim que nasceu a Bolha de Respiração Individual Controlada, a Bric. É um capacete de plástico pode ser usado por pacientes leves a moderados que precisem de ventilação artificial.
Com os filtros adequados e conexão a um respirador, o objetivo da Bric é tratar os pacientes de forma segura e, se possível, evitar a intubação enquanto mantém os profissionais de saúde protegidos. A Bric é estanque, ou seja, o ar não escapa de dentro da bolha. Todas as saídas da Bric são compatíveis com filtros já utilizados em hospitais.
A Bric agora deve passar por testes em pacientes no Hospital das Clínicas e, uma vez aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a fabricação já pode começar. A linha de produção já está pronta e, neste primeiro momento, é capaz de fazer cerca de 250 itens por semana. Depois, a produção pode chegar a 20 mil unidades mensais, com investimentos.
Hoje, o preço de uma Bric é R$ 627, mas Guilherme explica que ela deve ficar um pouco mais cara porque a Anvisa solicitou adaptações na linha de produção. Os capacetes são dispositivos individuais, que não devem ser compartilhados nem reutilizados.
E a Life Tech já desenvolve outro produto, que pode ser uma necessidade no pós-pandemia. Segundo Guilherme, é um capacete para ser usado fora de casa quando a quarentena terminar. Ele deve ser um pouco diferente da Bric, mas a ideia é tornar as interações sociais mais seguras enquanto não se tem uma solução definitiva contra o novo coronavírus.