Biólogo fala sobre o risco de infecção pela Covid-19

Risco é fruto da quantidade de vírus aos quais uma pessoa é exposta e o tempo de exposição. Pesquisador se preocupa mais com banheiros públicos do que contato rápido com alguém sem máscara
Rafael Rigues20/05/2020 18h30

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O biólogo Erin Bromage, da Universidade de Massachusetts Dartmouth, nos EUA, publicou em seu blog um extenso artigo detalhando os riscos de infecção pelo vírus causador da Covid-19. No texto ele fala não só sobre onde a maioria das pessoas está sendo exposta à doença (em casa), como explica o risco de transmissão relacionado a várias atividades, como tossir, espirrar, falar ou respirar.

Segundo o texto, estudos estimam que apenas mil partículas virais do Sars-Cov-2 são suficientes para infectar uma pessoa. Mas uma pessoa doente pode espalhar rapidamente ao seu redor até 200 milhões de partículas virais com uma única tossida ou espirro.

Com uma tossida até 3 mil gotículas de saliva e secreções carregando o vírus podem viajar pelo ar a uma velocidade de até 80 km/h. Mas um espirro pode levar 30 mil destas gotículas a até 320 km/h. O suficiente para alcançar o lado oposto de uma sala em uma fração de segundo.

Entretanto, respirar perto de uma pessoa doente é menos arriscado. Um suspiro pode lançar de 50 a 5 mil gotículas, mas elas tendem a cair no chão rapidamente, reduzindo seu alcance, e contém baixas quantidades do vírus já que material das áreas inferiores do sistema respiratório não é expelido.

Reprodução

Tosse pode mandar até 3 mil gotículas de saliva e secreção, contaminadas com o vírus, pelo ar a até 80 km/h. Crédito: Reprodução.

“Quanto maior a força com que um som sai da sua boca, mais gotículas respiratórias são emitidas e maior a distância que elas viajam”, diz o biólogo. O vírus também pode se espalhar pela fala, mas em um cálculo rápido Bromage estima que seriam necessários cinco minutos de conversa “cara a cara” para que uma pessoa recebesse uma carga viral perigosa de uma pessoa infectada.

Banheiros são mais perigosos que contato rápido

O biólogo recomenda que as pessoas mantenham distanciamento social e usem uma máscara em espaços públicos, mas lembra que o risco de infecção é um produto da quantidade de vírus à qual uma pessoa é exposta, multiplicada pelo tempo de exposição. Ou seja, um contato rápido com uma pessoa desprotegida em um espaço público não deve ser motivo para muita preocupação.

Se você estiver sozinho ao ar livre, por exemplo, “há pouco com o que se preocupar”. Da mesma forma, o risco é baixo se você estiver em um local ventilado, com poucas pessoas ao redor.

“Se você estiver fora de casa e passar por alguém sem máscara, lembre-se de que é necessário ‘dose x tempo’ para ser infectado”, explica Bromage. “Você teria que estar na corrente de ar desta pessoa por mais de cinco minutos para ter uma chance de ser infectado”, diz.

E não se preocupe se essa pessoa estiver correndo: “embora corredores possam lançar mais partículas virais no ar devido à respiração acelerada, a velocidade com que se movem reduz o tempo de exposição e o risco”, afirma.

O biólogo se preocupa mais com banheiros públicos. Ainda não se tem certeza se as fezes podem carregar o vírus vivo, mas é certo que a descarga de um vaso sanitário pode gerar milhares de gotículas que se espalham pelo ambiente. “Trate a superfície e o ar de banheiros públicos com extremo cuidado”, até que saibamos mais sobre os riscos”, lembra.

Fonte: Erin Bromage

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital