Após reabrir na Califórnia, Tesla tem mais funcionários com Covid-19

Desde março, Elon Musk vem brigando com autoridades locais de saúde para reiniciar a produção da montadora - e chegou a chamar de 'fascistas' as medidas de quarentena
Renato Mota09/06/2020 22h42

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Pelo menos dois (e possivelmente mais) funcionários da Tesla na Califórnia testaram positivo no mês passado para o novo coronavírus. A montadora e o condado de Alameda chegaram a um acordo que permitiu que a empresa reiniciasse a produção no último dia 18 de maio, seguindo estritas regras de distanciamento social e tomando precauções extras para evitar expor os trabalhadores à doença.

No início de junho, um funcionário da Tesla foi diagnosticado com Covid-19 cerca de duas semanas após a reabertura de uma fábrica da empresa em Buffalo, no estado de Nova York. A fábrica produz painéis solares e é operada em conjunto com a Panasonic Solar North America (PSNA).

Dois funcionários da Califórnia, que falaram sob condição de anonimato ao Washington Post, disseram que os supervisores realizaram reuniões com suas equipes para relatar que vários casos da Covid-19 tinham sido detectados na empresa e que os afetados foram orientados a ficar em casa.

Os funcionários que falaram com a reportagem dizem que “não há distanciamento social quando se registra entrada/saída [porque] as pessoas estão com pressa de ir para casa ou voltar ao local de trabalho”, e que dentro da fábrica, as mudanças “não são nada além de uma máscara”.

Por semanas o CEO da Tesla, Elon Musk, brigou pela reabertura da fábrica da montadora – apesar das autoridades locais determinarem o fechamento de serviços não essenciais diante da pandemia do novo coronavírus. “Estarei na linha [de produção] com todo mundo. Se alguém for preso, peço que seja apenas eu“, chegou a afirmar o empresário em publicação no Twitter.

A fábrica da Tesla na Califórnia emprega cerca de 10 mil funcionários, que estão trabalhando em turnos variados e agora são obrigados a usar máscaras e limitar o contato com outras pessoas. Como parte do acordo com o condado, a Tesla teria que relatar todos os casos positivos ao Departamento de Saúde Pública. Porém, como a empresa reiniciou a produção uma semana antes, a montadora “não era obrigada a relatar diretamente casos conhecidos” antes do acordo, disseram autoridades ao Post.

A disputa entre os responsáveis pela saúde pública de Alameda e Musk começou em março, quando o empresário manteve fábrica aberta e obrigou as autoridades a classificarem a produção de veículos como “não essencial”. Na época, Musk tuitou “FREE AMERICA NOW” (“libertem a América agora”, em inglês), e em abril classificou as medidas de quarentena como “fascistas”. No início de maio, a Tesla processou o condado e Musk ameaçou transferir a empresa da Califórnia para o Texas ou Nevada.

Segundo o Post, a Tesla não retornou um pedido de comentário sobre a denúncia por parte do jornal.

Via: Washington Post

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital