Amazon suspende operação na França por ordem judicial

Empresa falhou em proteger adequadamente os trabalhadores de seus armazéns contra a ameaça do novo coronavírus
Fabiana Rolfini20/04/2020 14h14, atualizada em 20/04/2020 14h30

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A Amazon decidiu interromper temporariamente suas operações na França, um dia após ordem judicial. Um tribunal civil de Paris concluiu que a empresa falhou em proteger adequadamente os trabalhadores de seus armazéns contra a ameaça do novo coronavírus.

A companhia terá de restringir as entregas apenas a alimentos, produtos de higiene e de saúde, até resolver o problema.

A decisão judicial foi proferida na última terça-feira (14). Se não cumprisse com a ordem até quarta-feira (15) à noite, a Amazon arcaria com uma multa diária de nada menos que 1 milhão de euros (quase R$ 6 milhões, na conversão direta). Segundo a própria empresa, a penalidade era muito alta para arriscar não cumprir.

“Suspendemos as atividades em nossos centros de distribuição na França, apesar do enorme investimento que fizemos para garantir e fortalecer medidas de segurança para nossos funcionários”, afirmou a Amazon em comunicado, acrescentando que ficou “perplexa” com a decisão do tribunal.

Amazon sob pressão

A decisão é um teste para a Amazon, que também está sofrendo com uma crescente pressão nos Estados Unidos sobre suas medidas de segurança na proteção de funcionários contra o coronavírus.

Pequenos grupos de trabalhadores naquele país chegaram a protestar por melhores condições de saneamento. Nas últimas semanas, a empresa então aumentou os salários e permitiu que os empregados tirassem licença, em quarentena. Acrescentou, ainda, mais espaço entre algumas estações de trabalho, redobrou a limpeza e forneceu máscaras e gel higienizante para as mãos.

Reprodução

Na França, a disputa por medidas de prevenção à Covid-19 acontece desde pelo menos o fim de março, quando centenas de funcionários deixaram o cargo em armazéns da Amazon. Uma regra trabalhista francesa permite que trabalhadores deixem o trabalho sem ter seus salários prejudicados, se considerarem que o ambiente apresente riscos à saúde.

Embora a companhia tenha rejeitado as alegações, sindicatos então a acusaram de desrespeitar a lei, ao se recusar a pagar os trabalhadores que ficaram afastados por medo de contrair a doença. Ao que tudo indica, essa novela parece estar longe de terminar.

Via: The New York Times

Fabiana Rolfini é editor(a) no Olhar Digital