A primeira vez que eu fui a uma CES foi no início de 2016. A obrigação na cobertura deste tipo de evento é, antes de tudo, olhar o que estão fazendo as grandes empresas; imagine qual não foi minha surpresa ao perceber que o Google não teria nenhum tipo de presença naquele evento.

Aquilo era o reflexo de um momento diferente da indústria de tecnologia: três anos atrás, o mercado surfava na alta do smartphone, e o Google dominava a CES mesmo sem estar presente. Afinal de contas, o Android é o sistema operacional usado por mais de 80% dos celulares ativos no planeta, então não existe motivo para forçar uma presença quando seus parceiros fabricantes de celulares estão fazendo o trabalho por você. Além disso, a MWC, outra feira voltada exclusivamente para tecnologia móvel, se mostrava um palco mais interessante para o que a empresa tinha a mostrar em relação ao Android.

Avançando três anos no futuro, a situação mudou. O Google não apenas tem uma presença na CES, como ele também tem ONIPRESENÇA no maior evento de tecnologia do planeta. O que mudou de lá para cá? Pode não parecer, mas muita coisa.

Primeiro de tudo, o mercado de smartphones começou a dar sinais claros de que atingiu o seu pico: fabricantes começam a registrar queda em vendas e o volume total de aparelhos vendidos anualmente está basicamente estagnado há algum tempo. Isso significa que está na hora de as empresas se mexerem para encontrar a nova onda.

Ninguém sabe exatamente o que será a próxima grande coisa do mercado de tecnologia. As empresas estão tentando de tudo há algum tempo para descobrir o que “cola”; tablets, relógios conectados, internet das coisas… ninguém conseguiu acertar a mão até o momento, mas se tem algo que, neste momento, parece promissor, são os assistentes digitais.

Sim, assistentes como Siri, Cortana e o Google Assistente têm feito a migração dos celulares para o mundo ao seu redor. Primeiro começaram a surgir as caixas de som com integração com estas inteligências artificiais, como é o caso do Google Home; logo, outros tipos de produtos, como TVs, por exemplo, começaram a se integrar a estes sistemas, sempre respondendo a comandos de voz.

E é aí que o Google precisou entrar de vez na CES: a empresa viu que uma outra empresa estava dominando a feira com sua tecnologia de inteligência artificial personalizada em uma assistente virtual. A Amazon, com a assistente Alexa, começou a marcar uma presença fortíssima no evento, com inúmeros aparelhos equipados com a tecnologia. O Google precisou contra-atacar de alguma forma.

Chegamos, então, a 2019. Três anos depois da minha primeira CES, não consigo parar de ver o Google por Las Vegas, a cidade que sedia o evento anualmente. Vários outdoors trazem a mensagem “Hey Google”, em referência ao comando para ativar o assistente. O centro de convenções da cidade possui dois espaços dedicados à assistente: um deles conta com uma “máquina de chicletes” gigante, no qual os transeuntes colocam uma moeda gigante, fazem uma pergunta ao assistente e recebem um “chiclete”, que é uma bola colorida com um prêmio qualquer dentro; o outro é um estande mais convencional, mas com uma montanha-russa suave ao estilo Disney que mostra todas as formas como o Google pode se infiltrar no seu cotidiano para te ajudar com as situações que aparecerem à sua frente. Além disso, ao andar pela feira, você não consegue passar cinco minutos sem ver um dos representantes da empresa com um macacão branco com o símbolo do assistente; eles estão presentes por incontáveis estandes de diversas empresas de vários países, mostrando que naquele espaço há produtos integrados à inteligência artificial da empresa.

Se os assistentes virtuais virão a ser, realmente, a próxima febre do mundo da tecnologia, só o tempo irá dizer. No entanto, se a maior feira de tecnologia do mundo é indício de alguma coisa, o Google quer fazer de tudo para ser uma parte ainda mais integral de nossas vidas e está posicionado para fazer isso antes que os concorrentes o façam.

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