Diversas áreas estão se fundindo às novas tecnologias para ganhar eficiência, tais como Marketing, Finanças, Agronegócios, Artes, entre outras. Uma delas, porém, está sendo mais impactada e transformada: a área da Saúde. Já estamos presenciando no mundo e no Brasil a chamada Medicina 4.0, com forte presença das tecnologias disruptivas e da mobilidade, proporcionando aos profissionais e às empresas da área da saúde uma maior assertividade em suas atuações.
Tais incrementos de qualidade já estão presentes em diagnósticos, pré-edições e tratamentos de doenças, passando pelo desenvolvimento de novos aparelhos de imagens e uso de dispositivos vestíveis inteligentes, até a digitalização dos modelos de negócios da área médica, impactando inclusive na mudança de hábitos das pessoas, impulsionando o surgimento de uma medicina focada na saúde e não na doença. Os modelos de negócio atuais não são mais sustentáveis para as unidades médicas. É urgente a necessidade de uma reinvenção completa dos atuais processos médicos para que possam sobreviver frente às evoluções tecnológicas e às expectativas dos clientes.
Para a implementação de uma medicina preditiva, eficiente, participativa e personalizada se faz necessária uma conexão intensa entre a saúde e a tecnologia. Isto só é possível com a utilização de tecnologias exponenciais nos processos médicos, tais como Inteligência Artificial, Big Data, IoT, Prototipação 3D, Wearables, Nanotecnologia, Biohacking, Blockchain. Para que esta transformação aconteça na saúde é necessário, obviamente, um grande investimento na aquisição destas tecnologias. Porém, mais importante e custosa é a mudança de mindset dos profissionais da área, que precisam entender que o futuro do setor está pautado na utilização das tecnologias emergentes como grande aliada.
O prontuário eletrônico, por exemplo, é um dos principais meios para se conseguir oferecer uma Medicina 4.0. Pelo fato de ser mais preditivo, colaborativo, personalizado e especialmente seguro, ele pode trazer grandes benefícios. Um deles está relacionado ao fato de que o ser humano viverá mais e precisará de mais qualidade de vida, que poderá ser conseguida através de órgãos artificiais, próteses e wearables que darão um maior controle sobre sua saúde, possibilitando menores efeitos negativos causados por seu trabalho, sua alimentação ou seu estilo de vida.
Outro benefício que se pode vislumbrar é uma maior eficiência nos sistemas de gestão de saúde (hospitais, clínicas, políticas governamentais, profissionais de saúde) que poderão cruzar informações de forma mais eficaz e empregar novas tecnologias como o Big Data e a Inteligência Artificial em suas atuações. Neste contexto, as unidades médicas estão buscando a chamada “transformação digital”, que não acontece com uma simples mudança de chave. O que se deve criar e implementar é uma onda de transformação digital corporativa médica que provoque uma forte mudança de mindset dentro das organizações.
Esta onda da transformação digital deve fluir da alta administração para as demais áreas, contaminando positivamente os colaboradores até os clientes, eliminando pouco a pouco os “glóbulos brancos corporativos” que logo se rebelam contra objetos estranhos dentro do corpo, neste caso a transformação digital.
A onda da transformação digital deve ser um processo sem data para terminar. Deve crescer de forma gradativa. E, a partir do momento que se inicia o processo, as tecnologias devem ser implementadas, dependendo da sua necessidade, em doses homeopáticas.
A tecnologia, por sua vez, é um grande atalho para as disrupções e deve ser usada sempre que uma dor for detectada em algum processo, possibilitando ganho de eficiência e transformação da experiência do cliente, conferindo maior competitividade à empresa.
Para ilustrar o conceito de como a tecnologia pode ser um atalho para se conseguir resultados nunca antes conseguidos, vamos citar três artigos científicos da área. Um deles foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Stanford, que demonstraram como um jogo pode ajudar a melhorar a saúde de milhões de pessoas. Estamos falando do Pokemon Go, que quando lançado alterou o comportamento de milhões de jogadores que diminuíram seu sedentarismo. Neste caso, podemos até considerar que a tecnologia e a gamificação ajudaram a gestão da saúde pública. O artigo completo pode ser acessado em: https://www.jmir.org/2016/12/e315/
Outro artigo interessante foi publicado por pesquisadores da Google em parceria com professores da Universidade de Stanford. Eles utilizaram 46 bilhões de dados de 216 mil pacientes de dois hospitais norte-americanos. Com as informações inseridas em uma Machine Learning, foi possível chegar a um algoritmo de inteligência artificial capaz de dar um prognóstico do paciente na triagem dos hospitais. O algoritmo prevê, com 93% de acerto, a mortalidade hospitalar; a readmissão do paciente depois de 30 dias com 75% de acerto, e a previsão de tempo prolongado de internação com 85%. O artigo completo pode ser acessado em: https://nematilab.info/bmijc/assets/021418_paper.pdf
O terceiro artigo, publicado pela Universidade de Stanford, comprova que a utilização de Inteligência Artificial avaliando imagens em tempo real consegue detectar se um médico ou um enfermeiro não fez a desinfecção correta das mãos, impedindo que o profissional vá para a sala de cirurgia se o processo não for repetido. Ele pode ser acessado em https://arxiv.org/pdf/1708.00163.pdf
Hospitais e clínicas deveriam estabelecer um framework para a transformação digital, identificando impactados, estabelecendo cronogramas, capacitando pessoas, prevendo investimentos, colhendo resultados, aprendendo com os erros, enfim…. Esta é uma grande jornada que precisa ser iniciada imediatamente, pois quanto mais se esperar, mais árduo será o processo.