Para alegria dos fãs, Star Trek está de volta, e com força, às nossas telas. O sucesso de Discovery e a estréia, daqui a alguns meses, de uma nova série com o capitão Picard estão apresentando uma nova geração (perdoem o trocadilho) a uma das franquias mais antigas na história da TV.

E em se tratando de ficção científica, é interessante ver como o futuro era imaginado mais de 50 anos atrás. Mais interessante ainda é rever os episódios e encontrar muitos itens familiares a bordo da Enterprise ou nas mãos do Capitão Kirk e seus companheiros. Não foram uma, nem duas, mas dezenas de vezes em que os autores de Star Trek previram tecnologias que hoje estão nas mãos de todo mundo.

Neste artigo, falaremos apenas de invenções que aparecem na série original, de 1966 a 1968. Séries subsequentes, como ‘A Nova Geração’ e Voyager, apresentam ainda mais exemplos de tecnologias da ficção se transformando em realidade.

Cartões de memória

Quem assiste a série original logo percebe que a tripulação troca constantemente pequenos ‘quadrados’ coloridos que na dublagem original são chamados de ‘fitas’ (Tapes). Poderiam ser equivalentes dos disquetes de 3.5 polegadas, mas pela quantidade de informação armazenada, eles estão mais para os nossos modernos cartões de memória.

Reprodução

A enfermeira Chapel mostra ‘fitas’ contendo receitas para o replicador / Reprodução

Tablets

É comum Kirk ser interrompido por uma ordenança apresentando uma caixa com luzes e uma caneta para que ele possa assinar algum relatório. Impossível não associar isso aos modernos tablets com caneta, como os iPad Pro da Apple ou Surface da Microsoft.

Reprodução

Dr. McCoy segura uma ‘prancheta eletrônica’, algo muito parecido com os modernos tablets / Reprodução

Celulares “flip”

Essa quase todo mundo conhece: os celulares ‘flip’ são claramente inspirados nos comunicadores usados por Kirk e sua tripulação. A própria Motorola reconheceu a associação quando introduziu o primeiro flip no mercado, chamando-o de ‘Startac”.

Reprodução

Um comunicador em Star Trek. Já vi isso em algum lugar… / Reprodução

Alguns anos depois, ela foi além: um de seus primeiros smartphones, o A1200, tem uma incrível semelhança com um comunicador, especialmente quando a tampa de vidro sobre a tela está levantada.

Reprodução

O Motorola A1200 não poderia ser mais parecido com um comunicador

Transcrição de voz

No 26º episódio da segunda temporada (Assignment: Earth ou Missão: Terra no Netfix) a Enterprise volta no tempo, até 1968, para observar um fato histórico. Em dado momento o personagem Gary Seven, um outro viajante do tempo, coloca a secretária Roberta Lincoln em frente a uma máquina de escrever e pede que ela relate tudo o que aconteceu nos três últimos dias. Para espanto de Roberta, a máquina de escrever começa a digitar sozinha, transcrevendo tudo o que ela fala. Hoje, transcrição de voz para texto é um recurso comum em smartphones ou pacotes de edição de texto, como o Google Docs.

Reprodução

A secretária Roberta Lincoln tem seu primeiro contato com a tecnologia de transcrição de voz / Reprodução

Análise astronômica avançada

Os sensores da Enterprise são capazes de detectar planetas a alguns anos-luz de distância e determinar seu tamanho, composição e atmosfera. Embora não com a mesma facilidade e rapidez, hoje conseguimos fazer algo semelhante usando telescópios espaciais como o Hubble e o Kepler.

Reprodução

Já podemos analisar planetas distantes como Spock, o processo só é mais complexo e demorado / Reprodução

Headset Bluetooth

Encarregada de manter a comunicação da Enterprise com o comando da frota estelar e de estabelecer contato com espaçonaves e civilizações alienígenas, a Tenente Uhura sempre pode ser vista em sua cadeira com um curioso dispositivo na orelha, usado para ouvir transmissões.

Reprodução

Uhura usava um Headset para monitorar as comunicações da Enterprise / Reprodução

Videochamadas

Você pode assistir às três temporadas da série original sem perceber, mas as videochamadas eram coisa de ficção científica em 1966. Na verdade, foi apenas em Dezembro de 1968 que Douglas Engelbart fez a ‘mãe de todas as demonstrações‘, apresentando um conceito de um sistema de informática com tecnologias revolucionárias para a época, como uma interface gráfica com janelas, mouse, videoconferência, hypertexto, edição colaborativa de documentos e muito mais.

Reprodução

O comandante Tholiano Loskene usa videoconferência para ameaçar a Enterprise / Reprodução 

Telas planas

Esta é outra coisa que pode ‘passar batida’ por nós: em vários locais na Enterprise é possível ver telas planas nas paredes ou salas de reuniões. Na época, nem mesmo TVs a cores eram comuns nos lares americanos, e quaisquer telas inevitavelmente usavam um tubo de imagem e válvulas, o que fazia com que fossem imensas.

Reprodução

Chekov acompanha a situação da USS Defiant em uma tela plana / Reprodução

Tradutores universais

Os tradutores universais foram uma engenhosa solução dos roteiristas para explicar como todas as espécies alienígenas falam inglês: elas não falam, mas os personagens (e espectadores) ouvem inglês ou seus idiomas nativos graças a um “tradutor universal”. Ainda não estamos no mesmo nível tecnológico, mas softwares como o Google Tradutor, que já são capazes de traduzir voz e imagem em tempo real, são um bom passo nessa direção.

Assistentes virtuais

No episódio “Tomorrow is Yesterday” (Amanhã é Ontem) da 1ª temporada, Kirk se irrita com o computador de bordo, equipado com uma voz e personalidade feminina e que se refere a ele como “querido”. Impossível não lembrar de assistentes digitais modernos como Siri, Alexa e Cortana.

Bônus: Teletransporte

Eu sei, eu sei, ainda estamos muito longe de desaparecer em um lugar e aparecer em outro, como faz rotineiramente a tripulação da Enterprise. Mas a base para esta tecnologia já existe e avanços aparecem constantemente no noticiário: é o “entrelaçamento quântico”.

Tudo é baseado num princípio de que partículas idênticas, formadas no mesmo momento, são “conectadas” de forma que uma mudança em uma é instantâneamente refletida na outra, não importa a distância pela qual elas estejam separadas. Recentemente, cientistas chineses transportaram um fóton (a menor partícula de luz) por uma distância de 500 Km, de uma estação no solo para um satélite em órbita da Terra (Beam me up, Scotty!).

Reprodução

Será que um dia teremos o Teletransporte? / Reprodução

A tecnologia, conhecida como “Teletransporte quântico”, poderá abrir as portas para um sistema de comunicação capaz de transmitir dados a vastas distâncias em um piscar de olhos. E quem sabe, um dia, possa ser escalada para objetos físicos ou seres vivos. Impossível? Bem, muita coisa nesta lista também era, não muito tempo atrás. E temos tempo: segundo Star Trek, o teletransporte só será descoberto pelos humanos em 2124.

E você, é fã de Star Trek? Conhece mais alguma tecnologia que foi prevista pela série?