Pérola escondida no Amazon Prime

Redação01/09/2019 16h02, atualizada em 01/09/2019 16h09

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Megaprojetos

Warriors: Os Selvagens da Noite (1979) é o terceiro longa dirigido por Walter Hill. Sua aparência de filme B italiano para exportação é um dos fatores responsáveis por ter se tornado um dos filmes mais cultuados daquela época, já a partir dos anos 1980, quando foi citado até num disco de rock (Come Out and Play, 1985, do Twisted Sister).

Outro de seus charmes é a apresentação meio futurística, mas de um futuro próximo ao filme (algo como os anos 1980 mesmo), em que as ruas novaiorquinas são tomadas por gangues nas noites e as autoridades são incapazes de lidar com a situação.

Os Warriors não são necessariamente uma gangue do bem. O machismo e uma certa ideia de vandalismo fazem parte do grupo. E, afinal, eles são violentos, como todas as outras gangues. Mas é com eles que simpatizamos, graças à presença de Michael Beck, que logo depois faria Xanadu. E com eles atravessamos a cidade na tentativa de chegar em seu território, cruzando gangues rivais pelo caminho e enfrentando o resultado das distorções das quais foram vítimas.

Na verdade, os Warriors acabam sendo culpados por um crime que não cometeram, contra um líder importante que pretendia uma união entre as gangues. A falsa culpa, portanto um terreno fértil para o mestre do suspense Alfred Hitchcock, aqui recebe um tratamento muito mais mundano, por um diretor que se revelou no período da Nova Hollywood, durante os anos 1970, com dois longas muito bons – Lutador de Rua (1975) e Caçador de Morte (1978).

Warriors, o ápice de sua trajetória, cheira a esgoto, a ruas que grudam pelo excesso de sujeira e urina, e expõe couro, rebites, armas e medo. É o típico filme que revela a falência de um projeto de urbanidade já criticada em Taxi Driver 1976), de Martin Scorsese. Warriors é escuro, filme da noite, das sombras, mas também da ação, do metrô antigo e decadente, do Queens, do Brooklyn, de Manhattan, de Nova York como uma cidade da violência e do caos. É filho da crise econômica, do mal-estar da sociedade americana nos anos 1970, da crise moral na qual mergulhou o país após Watergate e o fracasso do Vietnã.

Ronald Reagan seria o próximo presidente dos Estados Unidos. O cinema americano mudaria sua cara novamente nos anos 1980, retomando os eixos mais comerciais e varrendo cada vez mais para debaixo do tapete a aventura da invenção. Walter Hill estava nessa encruzilhada. Fez aqui seu melhor filme, e nunca mais seria o mesmo.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital