Polêmico, machista, irresponsável, mas duramente talentoso, Roman Polanski levanta discussões sempre que um de seus filmes chega aos cinemas (isso em qualquer parte do mundo).

Nesta quinta, estreia o mais recente longa dirigido por ele, o já premiado “O Oficial e o Espião”, sobre o qual nos deteremos daqui a alguns dias (seria prematuro já encaixá-lo em alguma posição). Por enquanto, a proposta é a publicação desta lista de todos os seus longas anteriores, ordenados do pior ao melhor.

Ou seja, esqueçam a pessoa e fiquem com seus filmes.

A Partir de uma História Verdadeira (2017)

A impressão é que Polanski já fez este filme, e muito melhor.

Piratas (1986)

Mesmo com Walter Matthau, um daqueles filmes em que o humor simplesmente não funciona.

Oliver Twist (2005)

Após uma belíssima versão de David Lean nos anos 1940, todos deviam pensar duas vezes antes de uma nova versão do clássico de Charles Dickens.

Que? (1973)

Outro filme de humor inexplicável, mas com um clima que o salva do fiasco, e com Marcello Mastroianni.

A Dança dos Vampiros (1967)

Um tanto infantilóide, mas vale pela presença de Sharon Tate em seu melhor papel no cinema.

Deus da Carnificina (2012)

Teatro filmado com competência e ótimos atores.

Lua de Fel (1993)

Erotismo e manipulação em um filme incompreendido à sua época.

Tess (1979)

Um dos filmes mais clássicos de Polanski, e uma bela adaptação do livro de Thomas Hardy.

A Faca na Água (1962)

O primeiro longa, ainda na Polônia, e já revelando um autor de primeira.

Busca Frenética (1988)

Filme que cresce em revisões, com uma bela química entre Emmanuelle Seigner e Harrison Ford.

Repulsa ao Sexo (1965)

Catherine Deneuve e a aflição de se estar só num apartamento claustrofóbico.

A Pele de Vênus (2013)

Filme ambíguo e extremamente crítico a uma série de coisas que estamos vivendo. Quem o acusa de misógino está certo, assim como quem o vê como uma vingança das mulheres. Essa última instância, ao que parece, sai vencedora.

O Pianista (2002)

Outro filme mais clássico de um diretor que sempre trabalhou num trânsito interessante entre tradição e modernidade.

Armadilha do Destino (1966)

Humor ácido e britânico mostra que Polanski já se adapta bem no exílio.

A Morte e a Donzela (1994)

O olhar de Ben Kingsley no final vale por uma faculdade de cinema. Filme de nuances e sutilezas, apesar da densidade do tema.

O Último Portal (1999)

Polanski em mais uma incursão magnífica pelo gênero que o consagrou, o terror.

O Inquilino (1976)

Um tanto desagradável pela histeria em cena, mas com uma direção muito forte, num outro filme de apartamento que inverte os sinais de “Repulsa ao Sexo”.

O Escritor Fantasma (2010)

Longa mais hitchcockiano de toda a carreira de Polanski, com alguns momentos de antologia.

Chinatown (1974)

Neo-noir exemplar de um período de releituras de gêneros clássicos americanos, com um Jack Nicholson inspiradíssimo.

O Bebê de Rosemary (1968)

Como nos dar calafrios com um simples remexer de pedras de um jogo de palavras cruzadas.

Macbeth (1971)

Filme tortuoso, repleto de culpa e luto, de violência gráfica e movimentações ousadas, justificadas pelo peso das armaduras. A obra-prima de Polanski é também a melhor versão da obra de Shakespeare, mesmo quando comparada às versões de diretores melhores que Polanski, caso de Orson Welles e Akira Kurosawa.

* Sérgio Alpendre é crítico e professor de cinema