Cinema brasileiro vive a melhor fase do século

Confira uma análise das produções nacionais em cartaz nos cinemas do país; vale a pena assistir todos
Redação07/10/2019 12h49

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Uma boa safra de filmes brasileiros tem chegado aos cinemas comerciais. Os Jovens Baumann e Bacurau ainda estão em cartaz e ganham a companhia de outros filmes valiosos, como Onde Quer que Você Esteja, Domingo e, principalmente, O Clube dos Canibais, entre possíveis outros que este escriba ainda não viu.

Cineastas que iniciaram carreira nos últimos vinte anos parecem chegar agora ao melhor momento de suas carreiras, justamente quando temos um governo que já se declarou inimigo da cultura – com esse fantasma da doutrinação marxista que está na cabeça de gente que acordou agora de um congelamento de 50 anos.

Durante a ditadura militar, diriam alguns, a cultura brasileira viveu um de seus momentos áureos, sobretudo na música e no cinema. Mas os militares não eram inimigos da cultura como o pessoal que está no poder agora. Então o cinema resiste como pode, enquanto as instituições brasileiras evitarem coisas piores.

De Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, já falei aqui. De Os Jovens Baumann, dirigido por Bruna Carvalho Almeida, basta dizer que é um dos filmes mais interessantes que vi no uso do chamado “found footage”, tão na moda nos últimos anos, sobretudo no cinema de horror. Tente ver antes que saia de cartaz.

E é da fonte do horror que bebe O Clube dos Canibais, de Guto Parente. Mas ao contrário de A Misteriosa Morte de Pérola, em que Parente abraçava o gênero com desenvoltura, neste ele prefere a via da alegoria política, mostrando com quantos paus se faz a estupidez de certa elite brasileira. 

E é contra a elite que investe também Domingo, melhor filme de Fellipe Barbosa (de Casa Grande), desta vez em parceria muito bem afinada com Clara Linhart. Só que numa veia cômica, de encontro familiar e luta de classes à moda de Jean Renoir e de seu antológico As Regras do Jogo (1939).

Vale ver também Onde Quer Que Você Esteja, em que Bel Bechara e Sandro Serpa prolongam o tema de seu curta do mesmo nome, realizado quinze anos antes. É um filme menos redondo do que os outros que menciono neste texto, mas tem pequenos momentos de beleza que fazem valer a ida ao cinema.

Não vou dizer que o cinema brasileiro está melhor do que nunca. Seria mentira. Mas creio ser possível dizer que vivemos a melhor fase deste século, pelo menos em número de bons filmes. Confira todos, se puder.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital