Revelou-se como membro da boy band New Kids on the Block, despontando para um sucesso da MTV como líder da Marky Mark and the Funky Bunch, Wahlberg fez a migração definitiva da música para o cinema com “Boogie Nights: Prazer Sem Limites”, no qual viveu o papel do astro pornô John Holmes.

Desde então, participou de uma série de filmes vivendo papeis improváveis, mas demonstrando sempre um certo carisma diante da câmera (o que não acontecia em sua carreira musical).

Para festejar o seu protagonismo em mais um sucesso da Netflix, “Troco em Dobro”, selecionei sete filmes essenciais com sua presença, na ordem cronológica. A triste constatação é que o essencial de sua carreira vai até 2008. Bons filmes surgiram depois, mas não podem ser chamados de essenciais.

Boogie Nights: Prazer Sem Limites (Paul Thomas Anderson, 1997)

Poderia ser “Três Reis” aqui, longa de David O’Russell que tem lá seus encantos, mas considero que “Boogie Nights”, além de ser um dos melhores trabalhos do superestimado P. T. Anderson, deve mais à presença surpreendentemente boa de Wahlberg.

Caminho Sem Volta (James Gray, 2000)

É inevitável que o melhor de sua carreira venha de um diretor que também pode ser considerado o melhor do cinema americano no século 21. Este é o filme que confirma essa posição. Crime e família nos extertores de uma sociedade.

O Planeta dos Macacos (Tim Burton, 2001)

Um dos melhores filmes de Tim Burton e também um dos últimos grandes filmes políticos feitos nos EUA. De quebra, um dos grandes remakes já feitos, desta vez sobre a viagem interplanetária para um planeta misterioso que é dominado pelos macacos.

Uma Saída de Mestre (F. Gary Gray, 2003)

Remake superior do longa inglês “Um Golpe à Italiana” (1969), de Peter Collinson, e também o melhor filme do talentoso, mas irregular, F. Gary Gray. Um filme de assalto que une charme e boa direção.

Os Infiltrados (Martin Scorsese, 2006)

Wahlberg aqui é coadjuvante, mas sua atuação rendeu uma indicação ao Oscar, e é fundamental para unir as pontas soltas entre Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Jack Nicholson.

Os Donos da Noite (James Gray, 2007)

Mais uma vez com o grande James Gray, em um longa que já começa quente, sob o maior sucesso da banda Blondie, coroando a ligação do ator com a música nas décadas anteriores. E mais uma vez temos Gray às voltas com o crime e questões familiares.

Fim dos Tempos (M. Night Shyamalan, 2008)

Não há meio termo. Quem gosta de “Fim dos Tempos”, costuma gostar com muito entusiasmo. Quem não gosta, faz questão de demonstrar seu asco em alto e bom som. As

principais reclamações residem no “miscasting” (Wahlberg como intelectual seria um acinte) ou no tom meio sonâmbulo de Zooey Deschanel. A meu ver, é um dos maiores filmes de Shyamalan, e um filme que cai bem (mas assustadoramente) nos tempos de corona vírus.

* Sérgio Alpendre é crítico e professor de cinema