O grande ator Kirk Douglas faleceu neste 5 de fevereiro. Tinha 103 anos e uma das carreiras mais sólidas em Hollywood. Para homenagear esse grande ator, separamos dez dos melhores filmes em que atuou. Como são todos de altíssimo nível, preferimos a ordem cronológica. E como são só dez, filmes magníficos ficaram de fora da lista (de diretores como Wyler, Curtiz, Minnelli, entre outros).

Fuga do Passado (1947), de Jacques Tourneur

Após os geniais filmes de horror com Val Lewton, Tourneur se estabelece como um grande diretor do filme de baixo orçamento. Este é um filme noir que está entre o que de melhor o sub-gênero ofereceu.

Quem é o Infiel? (1949), de Joseph L. Mankiewicz

Uma mulher manda uma carta endereçada a três esposas, dizendo que é amante do marido de uma delas. Está armada a confusão, prato cheio para o talento de Mankiewicz.

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A Montanha dos Sete Abutres (1951), de Billy Wilder

Talvez o grande filme feito sobre jornalistas, junto de A Dama de Preto, de Samuel Fuller. Douglas é um arrivista que prefere retardar o salvamento de um mineiro dentro de uma caverna para se dar bem na carreira. Wilder vinha de Crepúsculo dos Deuses, e consegue manter o mesmo nível de acidez aqui.

O Rio da Aventura (1952), de Howard Hawks

À primeira vista, um faroeste corriqueiro. Mas o diretor é Howard Hawks, um dos maiores, e quando menos percebemos já estamos de olhos grudados na tela.

Assim Estava Escrito (1952), de Vincente Minnelli

Dos dois longas que o ator fez com o grande Minnelli, este é o melhor. Um produtor é questionado por três outros profissionais, que retomando suas carreiras percebem o quanto devem ao mesmo produtor. Cidadão Kane, de Orson Welles, é o molde, mas Minnelli não fica atrás.

Homem Sem Rumo (1955), de King Vidor

Outro faroeste, de outro dos maiores diretores de todos os tempos. O homem dividido entre a paixão e o que considera correto eticamente. É filosófico, mas também entretém. Qualidade dos maiores filmes da Hollywood clássica.

Vikings, os Conquistadores (1958), de Richard Fleischer

Com Fleischer, Douglas já havia feito o sublime 20.000 Léguas Submarinas. Este é ainda melhor. Uma aventura brilhantemente filmada em Scope por um grande diretor subestimado.

Spartacus (1960), de Stanley Kubrick

Tinha tudo para dar errado. Interferências do produtor (o próprio Douglas), que demitiu o diretor original, Anthony Mann; Kubrick tendo que lidar com uma superprodução que fugia ao seu controle. Apesar dos obstáculos, é uma dessas obras que recolocam o cinema nos trilhos.

A Primeira Vitória (1965), de Otto Preminger

Engana-se quem acha que a carreira de Preminger estava em declínio. Até meados dos anos 1960, esse diretor brilhou, e seu filme seguinte, Bunny Lake Desapareceu, é genial. Engana-se também quem acha que Douglas estava em decadência. Ele continuava ótimo, mas representava uma Hollywood que já deixava de existir.

A Fúria (1978), de Brian De Palma

O encontro da Hollywood clássica, do sistema de estúdios e atores, representado por Douglas, com a Nova Hollywood, em que o diretor era a estrela, neste filme dirigido por um diretor que era muito estrela, além de um dos mais talentosos do cinema americano. Poderia dar em algo de altíssimo nível, ou num fiasco. Felizmente deu-se a primeira coisa.

* Sérgio Alpendre é crítico e professor de cinema