Parte 3: O dramático
Hannah e Suas Irmãs (1986)
Com este longa dramático com grandes toques de comédia, Allen, que também atua, chega ao máximo de sua capacidade como diretor. O trabalho com os planos-sequências nunca foi tão bem executado, incluindo um travelling circular numa mesa de bar com as três irmãs do título. Aliás, tanto Mia Farrow quanto Barbara Hershey e Dianne Wiest têm neste filme as interpretações de suas vidas.
A Outra (1988)
Dos filmes que Allen fez com maior influência do diretor sueco Ingmar Bergman (seu preferido junto com Fellini), ou seja, daqueles que não têm momentos cômicos (Interiores, Setembro), este é disparado o melhor. Trata-se de uma obra-prima com dois dos maiores atores do cinema americano – Gene Hackman e Gena Howlands – e a música de Erik Satie nos emocionando num momento chave.
Crimes e Pecados (1989)
Entre o bergmaniano e o cômico, mas tendendo ao primeiro, esta releitura de Crime e Castigo impressiona pelo texto e pelo belo trabalho de Martin Landau. Seria, salvo falha na memória, a primeira vez que um ator veterano renasce com Allen.
O Sonho de Cassandra (2007)
Um filme pouco compreendido e pouco valorizado em sua época, revela-se desde cedo como o melhor de sua fase inglesa. É um drama que envolve crime e crise familiar. Mais uma vez, Allen faz atores brilharem: Colin Farrell e Ewan McGregor tem os papéis de suas carreiras.
Roda Gigante (2017)
Belíssimo filme em que brilha a normalmente já excelente Kate Winslet, e que fez renascer as acusações de estupro nunca comprovadas. Se Allen é boa ou má pessoa, não temos como saber. O mais provável é que seja um ser humano, digamos, bem complicado. O que não se pode é atribuir-lhe culpa sem que se tenha provas. E o que importa é que seu talento não morreu.