Dois filmes esperados por diferentes grupos de apreciadores da sétima arte comandam as estreias da semana. De um lado, Homem-Aranha: Longe de Casa, segundo longa dirigido por Jon Watts, com Tom Holland no papel de Peter Parker, deve atrair o público dos quadrinhos e dos blockbusters. De outro, A Árvore dos Frutos Selvagens marca o retorno do cineasta turco Nuri Bilge Ceylan após o sucesso de Winter Sleep no circuito de arte.

Homem-Aranha: Longe de Casa é a terceira tentativa neste século de representar o famoso herói no cinema, após a série de três longas com Sam Raimi na direção e Tobey Maguire como Peter Parker, e a de dois longas com Marc Webb na direção e Andrew Garfield como ator principal. 

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A necessidade de atualização para novas gerações chega a um nível insólito. Mas se depender do que Watts demonstrou no primeiro longa, de 2017, seu Homem-Aranha terá mais fôlego. A novidade agora é que cada vez mais os filmes de heróis individuais respondem à trama explorada na “matriz” Vingadores, espécie de termômetro do Universo Marvel. E o último filme da “matriz”, Vingadores: Ultimato, promoveu algumas mudanças na maneira como víamos o mundo narrativo dos super-heróis.

Em A Árvore dos Frutos Selvagens, teremos um teste para as plateias mais descoladas. Com mais de três horas de duração, será difícil o filme resistir num circuito cada vez mais disputado. Por outro lado, Ceylan mostrou que sua dramaturgia evoluiu sensivelmente, assim como sua capacidade de manter o espectador na poltrona, num nível máximo de concentração. 

Da França surge o irregular Cézanne e Eu, de Danièle Thompson, que especula como teria sido a amizade entre o escritor naturalista Émile Zola (Guillaume Canet, ator mais conhecido fora da França como marido de Marion Cotillard) e o pintor pós-impressionista Paul Cézanne (Guillaume Gallienne). 

Também da França, Louis Garrel, filho do grande diretor Philippe Garrel, tenta mostrar que é mais do que um galã com O Homem Fiel, seu segundo longa como diretor. No elenco, além do próprio Garrel, estão Laetitia Casta e Lily-Rose Depp (filha da cantora Vanessa Paradis com o ator Johnny Depp).

Completam as estreias da semana o documentário brasileiro Neville D’Almeida – Cronista da Beleza e do Caos, de Mario Abbade, sobre o rebelde realizador brasileiro atuante desde os anos 1960, autor de filmes como A Dama do Lotação (1978) e Os Sete Gatinhos (1980), e o francês Boas Intenções, de Gilles Legrand, com Agnès Jaoui. Trata-se de uma comédia dramática sobre uma professora engajada que se divide entre a atenção aos familiares e os problemas dos alunos imigrantes.

por Sérgio Alpendre