Will Smith é rejuvenescido digitalmente para contracenar consigo mesmo em Projeto Gemini, novo longa de Ang Lee. Na trama, o ator interpreta um assassino de elite que, após descobrir um furo na sua última missão, tem a aposentadoria, e a vida, ameaçada pela necessidade de uma queima de arquivos. 

Nisso ele envolve uma garota que acabou de conhecer, e que estava incumbido de o vigiar, e um antigo amigo de combate. Um outro velho amigo é vítima dessa queima de arquivos.

Trabalhar para o governo americano tem disso. Você pode até matar os “bad guys” que merecem. Mas eventualmente vai matar também quem é tido como traidor, e pode até se tornar a caça, dependendo de sua sorte.

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O 3D+ em HFR (High Frame Rate, a mesma tecnologia estreada em O Hobbit, no final de 2012, agora aperfeiçoada para ficar com mais cara de cinema) é saudado como a grande novidade do momento. 

Na projeção para a imprensa, ganhamos óculos especiais e nos impressionamos com o tamanho da tela. Mas depois de um tempo admirando essa impressionante terceira dimensão, passamos a pensar para onde vai todo esse avanço tecnológico. Paradoxalmente, o realismo se torna artificialismo aos poucos, e em vez de nos acostumarmos e tomarmos como real, acontece o inverso. Claro, estou falando de minha experiência, e admito que um outro espectador possa ter uma outra impressão, totalmente oposta a minha. 

Mas a grande questão é: se a tecnologia está na frente do drama, ou do suspense, ou do que quer que seja o filme em seu aspecto narrativo, o filme tem uma data de validade muito curta. Mas já dissemos aqui que muitos filmes dos anos 1960, ou até dos anos 1920 e 1930, são mais modernos e mais novos do que a maior parte dos filmes atuais. Porque não envelhecem. Eles têm muito mais do que simplesmente uma evolução técnica.

Ou seja, se você não procura uma inovação da linguagem, ou mesmo um questionamento do que se fez até aqui em matéria de forma fílmica, não adianta nada perseguir a evolução digital. O filme está fadado ao envelhecimento rápido, no ritmo dos avanços tecnológicos. E é objetivo da arte que ela dure para sempre.

Felizmente, Ang Lee é um diretor que sempre nos entrega alguma coisa de força, esteticamente falando. Na trama, há questionamentos inteligentes a respeito do avanço tecnológico que o próprio filme representa. Até quando se pode brincar de Deus? Qual é nosso limite para brincar com vidas? O que é humano, afinal?

Por isso, se o filme não será lembrado como um dos melhores de seu diretor, ao menos poderá ser apreciado sem grande culpa por fãs de thriller ou de Will Smith. E de quebra ainda irão encontrar uma boa atuação de Clive Owen, ator que muitas vezes beira a canastrice.