Apollo 11: entenda como o feito mudou nossas vidas

Roseli Andrion29/05/2020 23h18, atualizada em 30/05/2020 22h00

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O primeiro pouso lunar é um capítulo de uma história que começou muito antes. Na antiguidade, os terráqueos de então olhavam para o céu intrigados. A ansiedade por compreender o que viam era tão grande que – na falta da ciência – eles deram voo à imaginação. E voaram tão longe que foram capazes de criar linhas imaginárias unindo as estrelas. Nessas uniões, eles enxergaram formas que se transformaram em imagens. Imagens que remetiam a elementos do seu mundo de então. Sem saber, eles estavam enxergando o futuro – assim nasceram as constelações. E seus nomes permanecem os mesmos até hoje. Eles conseguiram enxergar, por exemplo, uma grande Ursa, a Ursa Maior. Um escorpião. Uma lira e até um Centauro. Mas, essa jornada de conhecimento ficou meio parada até o Renascimento, quando os primeiros astrônomos modernos entenderam que a Terra girava em torno do Sol e não contrário. Depois disso, a evolução da ciência foi mais rápida. Mas, foi apenas no século 20 que a tecnologia conseguiu nos fazer unir os pontos com velocidade suficiente para, pela primeira vez nos tirar da Terra.

Ao final, o que fez diferença mesmo foi a criação da tecnologia digital. A mesma responsável por você assistir a esse vídeo agora. A mesma que controla seu smartphone ou permite que você assista aos episódios da sua série da vez no serviço de streaming. O interessante é saber que os computadores mais poderosos da década de 1960 já usavam os mesmos princípios digitais de hoje. Só que eles eram infinitamente menos poderosos. O smartphone que você carrega no bolso deve ser pelos menos mil vezes mais poderosos que os computadores que levaram Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins à Lua, na missão Apollo 11. Estávamos no dia 20 de julho de 1969 – e a humanidade nunca havia conseguido unir tantas variáveis tão perfeitamente.

A Apollo 11 foi levada ao espaço por um poderoso foguete chamado Saturno V. O módulo de comando, onde ficava a cabine dos astronautas se chamava Columbia; e o famoso módulo lunar, chamado Eagle, dividido em dois estágios, um de descida para a Lua e um de subida para levar os astronautas de volta à órbita. A expressão que seria repetida à exaustão nos filmes de Hollywood: “The eagle has landed”; ou a águia pousou, é uma referência a esse feito histórico. Um enorme salto na história da humanidade.

Mas, é super importante lembrar: a Apollo 11 foi a primeira missão a colocar humanos na superfície da Lua. Mas não a única. Ao todo, 12 seres humanos pisaram em solo lunar. A partir de 1969, os norte-americanos mandaram nada menos que 6 missões tripuladas para lá. A Apollo 12 foi um sucesso. Já a Apollo 13 virou um drama. Aliás, a expressão: “Houston, temos um problema” nasceu aí, dos perrengues que os astronautas enfrentaram. Eles se salvaram por pouco. Mesmo com o fiasco da 13, o programa continuou com a Apollo 14, 15, 16 e, finalmente, a Apollo 17 – que fechou o ciclo de viagens à Lua em 1972.

O mundo assistiu quase incrédulo às imagens ao vivo do pouso. Ao pisar na poeira lunar, os astronautas imprimiram marcas para a eternidade. Marcas que, aqui no Brasil, mexeram com a imaginação de um jovem brasileiro que, naquele momento, também começou a tecer linhas imaginárias, conectando sonhos que se transformariam em profissão.

Mas, não foi apenas o horizonte de quem viu as imagens na TV que se ampliou. A tecnologia que impulsionou a façanha da Apollo 11 acabou se ramificando e resultando em produtos que entraram para o nosso dia a dia.

A roupa usada pelos astronautas tinha que protegê-los das imensas variações térmicas na superfície da lua. A tecnologia que criou aqueles tecidos é usada até hoje para roupas de bombeiros e para trabalhadores industriais que operam em ambientes com temperaturas extremas.

Conservar comida no espaço era outro desafio. Foi necessário desenvolver uma técnica de preservação de alimentos chamada cook and chill, que significa cozinhar e esfriar os alimentos a temperaturas extremas evitando que a maioria dos microrganismos se desenvolvessem. A técnica passou a ser adotada por hospitais na preparação e armazenamento de grandes quantidades de alimentos.

Você pode se perguntar: se o desafio de alcançar a Lua trouxe tantos benefícios, por que não voltamos mais para lá depois de 1972? Especialmente hoje, em que computadores muito mais poderosos transformam a jornada em algo muito mais simples do que décadas atrás?

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital