Um novo cálculo feito por pesquisadores da Universidade de Nottingham e publicado nesta segunda-feira (15) no Astrophysical Journal estimou que a Via Láctea pode ser lar para mais de 30 civilizações extraterrestres, todos capazes de se comunicar. A nova abordagem usa a suposição de que formas inteligentes de vida em outros planetas são parecidas com as daqui, e levam em conta a quantidade de exoplanetas similares à Terra.
“O método clássico para estimar o número de civilizações inteligentes se baseia em adivinhar valores relacionados à vida, mas as opiniões sobre esses assuntos variam bastante. Nosso novo estudo simplifica essas suposições usando novos dados, fornecendo-nos uma sólida estimativa do número de civilizações em nossa galáxia”, afirma o coautor da pesquisa, Tom Westby.
De acordo com o professor de Astrofísica da Universidade de Nottingham, Christopher Conselice (que liderou a pesquisa), “a ideia é olhar para a evolução, mas em escala cósmica. Chamamos esse cálculo de ‘Limite Astrobiológico Copernicano'”. Os dois limites são que as formas inteligentes de vida surgem em menos de 5 bilhões de anos ou após 5 bilhões de anos – como na Terra, onde uma civilização capaz de se comunicar se formou após 4,5 bilhões de anos.
Os cálculos levam em consideração a formação de estrelas, a distribuição de metais e a probabilidade da existência de planetas semelhantes à Terra em zonas habitáveis. Essas condições astrobiológicas foram classificadas como Fracas e Fortes – na última, segundo o qual é necessário um conteúdo metálico igual ao do Sol (relativamente rico em metais), “calculamos que deve haver cerca de 36 civilizações ativas em nossa galáxia”.
Encontrar essas civilizações depende fortemente de quanto tempo eles estão ativamente enviando sinais de sua existência ao espaço – como em transmissões de rádio e televisão. No nosso caso, essas transmissões têm pouco mais de 100 anos, e segundo os pesquisadores a distância média dessas civilizações estaria em 17 mil anos-luz, dificultando a detecção e a comunicação com a nossa tecnologia atual.
Ainda é possível que sejamos os únicos dentro de nossa galáxia, a menos que civilizações como a nossa consigam sobreviver por muito tempo. “Nossa pesquisa sugere que a busca por civilizações inteligentes extraterrestres não apenas revela a existência da formação da vida, mas também nos dá pistas de quanto tempo nossa própria civilização durará”, acredita Conselice.
Este conceito não é novo: se a vida inteligente for uma coisa comum, isso revela que nossa civilização pode existir por muito mais do que algumas centenas de anos. Mas se descobrirmos que não existem civilizações ativas em nossa galáxia, é um mau sinal para nossa própria existência a longo prazo. “Ao procurar vida inteligente extraterrestre – até se não encontrarmos nada – estamos descobrindo nosso próprio futuro”, completa o astrofísico.