Vera Rubin, a astrônoma responsável por uma das descobertas mais importantes da ciência no século 20, morreu nesta semana aos 88 anos. A cientista sofria de problemas neurológicos, mas morreu “de causas naturais”, segundo seu filho Allan Rubin.
Nascida na Filadélfia, EUA, em 1928, Vera foi uma das primeiras cientistas a identificar as ações da “matéria escura” na natureza. Na década de 1970, a astrônoma pesquisava os movimentos de rotação de galáxias em formas de espirais quando notou que as estrelas que ficavam mais próximas ao centro das galáxias giravam mais lentamente do que as estrelas mais afastadas.
Vera concluiu que a causa para esse estranho padrão de rotação era a “matéria escura”: uma massa invisível, mas com peso gravitacional nítido. Cientistas já levantavam essa hipótese desde a década de 1930, mas foi o estudo de Vera o que comprovou as suspeitas.
Além de pioneira no estudo da astrofísica, Vera Rubin também foi uma defensora da igualdade entre homens e mulheres no mundo acadêmico. Foi apenas a segunda mulher a ser escolhida para integrar a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, onde contribuiu para a aceitação de mais mulheres no grupo nos anos seguintes.
Em 1989, Vera disse em uma entrevista que a falta de mulheres na ciência era um reflexo da cultura norte-americana. “Em vez de ensinar física às meninas, deveríamos ensiná-las, desde cedo, que elas podem aprender tudo aquilo que quiserem”, disse. Vera nunca ganhou um Nobel, mas recebeu outros diversos prêmios, incluindo uma medalha de honra ao mérito entregue pelo então presidente dos EUA, Bill Clinton, em 1993.
Vera se formou em Astronomia pela Vassar College, após ter sido barrada na Universidade de Princeton, segundo ela, por ser mulher. Concluiu seu mestrado na Universidade Cornell e seu doutorado pela Universidade Georgetown. Ao longo da carreira, trabalhou no Instituto Carnegie, em Washington, e observou mais de 200 galáxias.