Uma equipe internacional de astrônomos liderada por Christopher Conselice da Universidade de Nottingham concluiu na semana passada que o número de galáxias no universo é pelo menos dez vezes maior do que se imaginava anteriormente.Com isso, o universo pode ter mais de 2 trilhões de galáxias como a nossa Via Láctea. A descoberta tem implicações profundas no nosso entendimento científico do universo e de sua história.
Para chegar a essa conclusão, Conselice e sua equipe usaram imagens do telescópio Hubble, dados de trabalhos anteriores e resultados de outras pesquisas. Com essas informações, eles conseguiram converter as fotografias tiradas pelo Hubble para imagens em 3D. Essa nova dimensão permitiru que os cientistas medissem a distância entre galáxias observadas pelo Hubble em momentos diferentes.
Também foram utilizados modelos matemáticos para inferir a existência de galáxias além do universo observável – a região de dois bilhões de anos-luz em torno de nossa posição no universo que é o máximo que a atual geração de telescópios pode ver. Para que os números fizessem sentido, os astrônomos concluiram que cerca de 90% das galáxias existentes no universo são muito escuras e distantes para serem vistas.
Descobertas
Analisado os dados referentes aos 13 bilhões de anos da vida do univeso, os cientistas descobriram que o número de galáxias existentes nele, além de ser 10 vezes maior que anteriormente imaginado, já foi maior ainda. Segundo eles, quando o universo tinha apenas “alguns bilhões” de anos de idade, o número de galáxias por unidade de volume era 10 vezes maior.
No entanto, essas galáxias eram bem menores (em massa) do que as que existem hoje em dia. Com o tempo, elas foram se “fundindo” e reduzindo seu número. A formação do universo atual é enormemente dependente desse processo de bilhões de anos.
Segundo o Washington Post, telescópio espacial James Webb, que será lançado em 2018, permitirá que a observação de um número mais que duas vezes maior de galáxias do que as que podemos ver atualmente. Mesmo assim, porém, mais de um trilhão de galáxias ainda estarão além do que conseguimos ver.
Céu escuro
Essa conclusão também permitiu que os astrônomos contribuíssem para a resolução do paradoxo de Olber, um dos problemas astronômicos mais antigos que existem: por que o céu é escuro à noite? Se o universo tem tantas galáxias, por que é que cada ponto do céu noturo não está ocupado por uma estrela?
De acordo com os pesquisadores, o número decrescente de galáxias ao longo da história do universo ajuda a explicar essa situação. Além disso, contribuem também a natureza dinâmica do universo (o fato de que ele está se expandindo), a absorção de luz por gáses e poeira intergalática, e um efeito chamdo de redshift: uma mudança na frequência da luz que chega até nós de estrelas que estão se distanciando de nós; como elas estão indo para longe, a luz que elas emitem cai abaixo do espectro visível.
Escala inimaginável
Pode ser difícil ter uma noção precisa do que essas descobertas significam por causa da escala do universo. Ele contém aproximadamente dois trilhões de galáxias, cada uma das quais contém pelo menos dez milhões de estrelas como o nosso Sol, com planetas orbitando-as.
Nosso Sol, por sua vez, está numa galáxia que chamamos de Via Láctea. Um foguete que se movesse na velocidade da luz levaria cerca de cem mil anos para atravessar nossa galáxia de uma ponta até a outra. E ela é apenas uma dentre as mais de 2 trilhões de galáxias que existem.
Além disso, segundo o entendimento mais preciso atualmente disponível do universo, ele está se expandindo de maneira cada vez mais rápida. Com isso, as distâncias entre as galáxias também estão se tornando cada vez maiores.