Telescópio pode transformar a Terra em uma lente de aumento gigante

Um telescópio espacial além da Lua poderia usar a atmosfera da Terra como uma lente para ampliar a luz de objetos distantes em 22.500 vezes
Redação07/08/2019 13h40, atualizada em 07/08/2019 13h49

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Quando o Europe’s Extremely Large Telescope (em tradução livre: Telescópio Europeu Extremamente Grande) estiver pronto, daqui a 10 anos, ele será o maior telescópio do mundo, com 40 metros de diâmetro. No entanto, isso pode mudar. Um astrônomo propôs um telescópio espacial ainda mais poderoso, que seria o equivalente a um espelho de 150 metros e usaria a própria atmosfera da Terra como uma lente natural para reunir e focar a luz.

David Kipping, da Universidade de Colúmbia, descobriu que um telescópio espacial de 1 metro, posicionado além da Lua, conseguiria usar o poder de concentração do anel da atmosfera visto ao redor da borda do planeta para amplificar o brilho de objetos escuros em dezenas de milhares de vezes.

‘A atmosfera é muito variável para um ‘Terrascópio’ produzir belas imagens que rivalizam com as do Telescópio Espacial Hubble. Mas poderia descobrir objetos muito mais fracos do que é agora possível, incluindo pequenos exoplanetas ou asteroides que ameaçam a Terra’, diz Kipping. Ele reconhece que mais trabalho é necessário para provar a ideia, mas a tecnologia necessária já existe. ‘Nada disso está reinventando a roda, só precisa de um empurrão’, afirma.

Kipping é bem conhecido por liderar pesquisas por luas em outros sistemas planetários e revelou um forte candidato. Ele diz que o início da ideia do Terrascópio veio 13 anos atrás, quando estava estudando um raro fenômeno atmosférico chamado flash verde, que acontece quando o sol se põe abaixo do horizonte e combinado à dispersão atmosférica destaca momentaneamente o componente verde da luz.

O astrônomo também se inspirou na ideia de que o próprio sol poderia ser usado como uma lente, com sua gravidade focalizando a luz em direção a um detector baseado no espaço. Essa lente solar ampliaria a luz 1 milhão de bilhões de vezes, potencialmente trazendo à tona as superfícies dos exoplanetas. A ideia levou à missão  Fast Outgoing Cyclopean Astronomical Lens, proposta para a Agência Espacial Europeia em 1993. Mas ela nunca ganhou força porque o detector teria de ser posicionado em um ponto no espaço a 550 vezes a distância entre a Terra e o Sol, quase 20 vezes mais distante do que Netuno – uma distância que levaria um século para uma nave espacial alcançar.

Por enquanto tudo ainda não passa de uma ideia, da qual até mesmo outros astrônomos têm suas dúvidas. Matt Kenworthy, da Universidade de Leiden, na Holanda, diz que ficou ‘impressionado com o trabalho e o raciocínio propostos’, mas quer mais evidências de que funcionará. ‘Eu gostaria de me sentar e fazer um modelo mais realista’, diz ele. Bruce Macintosh, da Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia, acrescenta: ‘É um experimento mental interessante, mas há muitos detalhes para se pensar’.

Via: ScienceMag

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital