Supernova pode ter sido a causa de extinção há 360 milhões de anos

No fim do período Devoniano, cerca de 50% de todos os gêneros de seres vivos em nosso planeta foram extintos
Rafael Rigues19/08/2020 16h05, atualizada em 19/08/2020 16h08

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Há cerca de 360 milhões de anos uma imensa extinção em massa dizimou cerca de 50% de todos os gêneros de seres vivos e marcou o fim do período Devoniano. Foi uma das cinco grandes extinções na história de nosso planeta, mas sua causa exata ainda é desconhecida.

Um novo estudo, liderado pelo astrofísico Brian Fields da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos EUA, levanta uma possibilidade intrigante: a causa seria a explosão de uma estrela, uma supernova.

Supernovas são as explosões mais intensas no universo conhecido. Por um momento, cerca de uma semana, elas se tornam bilhões de vezes mais brilhantes que o nosso Sol. Além de espalhar elementos químicos pelo universo, elas emitem grande quantidade de radiação, na forma de luz visível, raios-X e ultravioleta, que podem ter consequências graves para qualquer biosfera que tenha o azar de estar próxima demais.

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Os trilobitas eram alguns dos animais que habitavam a Terra no final do Devoniano. Fonte: Ars Technica

Fields e sua equipe sugerem que uma queda dramática no nível de ozônio na atmosfera terrestre, que coincide com a extinção no fim do Devoniano, foi causada pelos efeitos da radiação emitida por uma supernova a 65 anos-luz de nós.

Desde a década de 50 os cientistas especulam que supernovas podem causar extinções em massa, com um “raio letal” de cerca de 25 anos-luz. Mas o estudo sugere que estrelas ainda mais distantes podem ter efeitos danosos à vida na Terra, tanto instantâneos quanto a longo prazo.

“As supernovas são fontes imediatas de radiação ionizante, na forma de ultravioleta extremo, raios-x e raios gama”, diz o artigo. “Mas em escalas de tempo maiores, a interação da explosão com o gás ao redor da estrela gera uma onda de choque que acelera partículas elementares, produzindo raios cósmicos. Estas partículas são magneticamente confinadas aos restos da supernova, e devem banhar a Terra por cerca de 100 mil anos”, diz a equipe.

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Remanescente de supernova na nebulosa do caranguejo. Fonte: Nasa / Hubble Space Telescope

Estes raios cósmicos seriam intensos o suficiente para destruir a camada de ozônio, causando danos duradouros, devido à radiação, às formas de vida dentro da biosfera terrestre. O que tem paralelo com a perda de diversidade e deformação de esporos de plantas em fósseis na fronteira dos períodos Devoniano e Carbonífero, há cerca de 360 milhões de anos.

Uma forma de comprovar a teoria seria encontrar isótopos de elementos como plutônio-244 e samário-146. “Nenhum destes isótopos ocorre naturalmente na Terra hoje em dia, e a única forma deles chegarem até aqui é através de explosões cósmicas.

Fonte: Science Alert

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital