Depois de passar um ano e meio na Estação Espacial Internacional (ISS), um supercomputador experimental da Hewlett Packard Enterprise (HPE) agora está de volta à Terra – e a empresa está preparada para fazer uma autópsia / análise da máquina. A empresa quer saber o quanto de desgaste a máquina sofreu enquanto estava em órbita. Dessa forma, ela pode construir supercomputadores para uso em missões de espaço profundo na Lua e para Marte em um futuro próximo.
O objetivo de construir um supercomputador que funcione no espaço é um desafio muito mais complicado do que parece ser. O ambiente espacial pode ser implacável contra as máquinas. Fora da espessa atmosfera protetora da Terra, o equipamento encontra altos níveis de radiação dos raios cósmicos do espaço profundo e partículas do Sol. As máquinas na ISS também podem sofrer flutuações de energia e temperatura que podem danificar seus componentes e sua eletrônica.
Por causa desses extremos ambientais, os supercomputadores que funcinoam no espaço, muitas vezes são construídos com hardware extra. Mas esse caminho pode ser caro e demorado, e é por isso que a HPE decidiu fortalecer o computador com um software chamado Spaceborne. A ideia é que o programa identifique quando vários parâmetros da máquina – como potência, temperatura, voltagem etc. – ficam fora do normal. Em consequência, ele toma a decisão de desligar-se, para evitar danos permanentes.
“Houve momentos em que não conseguimos operar e dizíamos: ‘Ok, prefiro que você não opere por um curto período de tempo, ao invés de fracassar e ser destruído”, disse Mark Fernandez. diretor de tecnologia de computação de desempenho da HPE. “E então, quando voltarmos online, podemos continuar nossas pesquisas científicas.”
A HPE pretendia, com o experimento, verificar vários padrões para o Spaceborne Computer enquanto estava no espaço, para ver se todos os seus vários componentes estavam funcionando corretamente. E Fernandez diz que o objetivo foi alcançado. “Nós surpreendemos todos os pessimistas”, diz ele. “Todos na comunidade estão realmente impressionados por tudo ter corrido bem por mais de um ano e com a conclusão bem-sucedida de nossos benchmarks”, diz ele.
Mais do que isso, algumas mudanças de plano na ISS, forçaram o Supercomputador a ficar mais tempo que o esperado na estação. Durante sua estada prolongada, a máquina conseguiu executar um programa para a NASA, chamado Langley, testando o mesmo software que uma espaçonave usaria para orientação e navegação quando entrasse na atmosfera da Terra e descendo até a superfície.
O Spaceborne Computer retornou à Terra na segunda-feira (03/6), a bordo de uma cápsula de carga da SpaceX Dragon. Agora, um barco está transportando essa espaçonave e todo o seu conteúdo para a costa. O supercomputador será a última coisa retirada do Dragon e a HPE o receberá no dia 8 de julho em Houston, Texas.
Nesse momento, a empresa tomará nota de todas as falhas que o supercomputador apresentou e melhorará sua performance para próxima viagem espacial. Fernandez diz que a empresa ainda não falou com ninguém sobre o uso do supercomputador em missões reais, mas espera que a HPE possa levar a tecnologia a um lugar onde ela possa ser uma ferramenta viável no futuro. Ser capaz de executar o software e processar números em tempo real em um supercomputador será particularmente útil quanto mais longe da Terra os astronautas viajarem, já que a comunicação com o controle de em solo pode sofrer longos atrasos.
E se um supercomputador não precisa ser equipado hardware pesado, levá-lo um em uma viagem para a Lua ou Marte se torna mais uma possibilidade. “Qualquer experimento que você projete hoje em um laboratório ligado à Terra, provavelmente usará sistemas de computador relativamente novos”, finaliza Fernanez. “E é isso que queremos ser capazes de levar pra Lua ou Marte”.
Via: The Verge