Em outubro deste ano, a sonda Schiaparelli deveria ter pousado em Marte. Deveria, mas nem tudo saiu como o esperado. A Agência Espacial Europeia (ESA) perdeu o contato com o veículo alguns segundos antes de ele tocar no solo, e foi iniciado um mistério: o que aconteceu? Mais de um mês depois, chegou-se à conclusão de que a sonda não sumiu, ela simplesmente errou o chão.
Mas, ao contrário do que acontece nos livros de Douglas Adams, errar o chão não significa permanecer flutuando no ar. Pelo contrário, a espaçonave não conseguiu pousar em segurança porque esqueceu a posição do solo de Marte. Por um breve segundo, os sensores que deveriam determinar a altitude falharam e foi o suficiente para acabar com a missão.
Quando estava prestes a pousar, o veículo achava que já estava no solo, o que fez com que fossem iniciados os procedimentos de aterrissagem muito antes da hora. Assim, o paraquedas foi aberto, o escudo de calor foi ejetado e os propulsores de freio ativados quando a nave ainda estava a quase 4 quilômetros da superfície marciana.
A ESA ainda está investigando qual foi a causa do problema, e este processo ainda pode demorar alguns meses. No entanto, a crença inicial é de que as medições inerciais da Schiaparelli foram saturadas por um segundo, o que fez com que ela achasse que estava perto do chão.
Não foi a primeira vez que um imprevisto de última hora estragou um plano da Europa de pousar um veículo em Marte. Isso também aconteceu com a sonda britânica Beagle 2, de 2003, que chegou a aterrissar em segurança, mas não conseguiu ativar os painéis solares que seriam necessários para gerar energia para enviar os dados de volta para a Terra. A nave só foi encontrada novamente em 2015, graças à sonda Curiosity, operada pela NASA.